Em Pauta

Por que médicos oferecem tratamentos inúteis?

Mário Sérgio Lorenzetto | 06/09/2019 06:28
Por que médicos oferecem tratamentos inúteis?

Quando seu médico lhe dá conselhos de saúde, você provavelmente presume que é baseado em evidências sólidas. Mas uma parte da prática clínica não é. O British Medical Journal, um dos mais importantes do mundo, analisou as evidências de milhares de tratamentos médicos para avaliar quais são benéficos e quais não são. De acordo com a análise, há evidências de algum benefício para pouco mais de 40% deles. Apenas 3% são ineficazes ou prejudiciais. Outros 6% provavelmente não serão úteis. Mas impressionantes 50% são de eficácia desconhecida.

Parte da lista de tratamentos sem boas evidências.

Existem inúmeros exemplos de tratamentos comuns e conselhos médicos fornecidos sem boas evidência, conforme o British Medical Journal. Eis uma parte da lista: suplementos de magnésio para cãibras nas pernas, muitas cirurgias de joelho e coluna, controle rigoroso de açúcar no sangue em pacientes gravemente enfermos, dietas líquidas claras antes das colonoscopias, repouso na cama das mães para prevenir nascimento prematuro, oxigenoterapia para infarto agudo do miocárdio, solução salina IV para pacientes com doença renal e método do amendoim para prevenir alergias em crianças. Em alguns casos há até evidências de danos.
Também há tratamentos que têm estudos favoráveis e desfavoráveis. É o caso da terapia de reposição hormonal para mulheres na pós-menopausa. Há três sérios artigos favoráveis a essa prática. No entanto, há outros três que o recriminam. Fato similar ocorre com o uso do analgésico Vioxx. Há três estudos que mostram o crescimento de ataques cardíacos e de derrames com seu uso e outros três que o aconselham.

O paciente deve ser informado e consentir.

O British Medical Journal afirma que, às vezes, tratamentos incertos e experimentais são necessários. Os pacientes podem até recebê-los. A cláusula que não deve ser rompida é de que sempre o paciente deve ser informado e consentir com o tratamento sem boas evidências. A Escola de Medicina de Harvard complementa: "Temos muitos tratamentos eficazes, muitos dos quais foram originalmente experimentais. Mas nem todo tratamento experimental acaba sendo eficaz".

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