Em Pauta

Os que criaram os movimentos jovens idealizam os da velhice

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 27/03/2024 08:10
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
O jovem foi inventado. Até os anos sessenta, o que existia era uma divisão por classes: tinha proletário, patrão, burguês, classe média, aristocrata... Eventualmente, cor da pele e etnia separavam as pessoas. Mas a invenção dos jovens aglutinou todo mundo. O jovem era padre, o jovem era preto. O jovem era pobre, rico, classe média. Nessa época, o jovem se desfez de todas as outras atribuições e de marcas políticas. O jovem passou a ser uma categoria política. Essa mesma geração está inventando o velho.


E fez-se a pílula!

E apareceu uma pílula. Era anticoncepcional. A saia encurtou. Surgiu o rock and roll. Um monte de independências aconteceram. Moçambique, Angola, Guiné.... Muitos nem perceberam, mas elas mudaram a configuração internacional. Os negros, mudos, começaram a falar. Começaram a enxergar culturas que não eram as europeias e a norte-americana. Você via milhares de jovens indo para a Índia, botar as roupas locais e experimentar outras comidas e religiosidade. O Oriente chega exatamente na hora em que a "psique", a psicologia e psiquiatria tomam relevância. E aparece o LSD. Ao contrário do que muitos imaginam, o LSD não era uma droga para dar barato em festa, era um "instrumento de autoconhecimento".


Os primeiros nem nem.

Nos anos sessenta, o mundo estava em uma "nice", a economia mundial atingia seu auge. Os jovens olhavam para o pai e diziam: "tô fora, não estudo mais". "E nem trabalho". Logo depois, a economia foi pro brejo com a crise do petróleo. E John Lenon cantava: "The Dream is Over", o sonho acabou. Não tem mais dinheiro. Todos voltando para a escola e para o trabalho. Mas o jovem continuou existindo. Hoje, tem setenta anos e está inventando a velhice. Não há rebeldia. É um novo movimento capitalista.
Nos siga no