Em Pauta

Os elevadores criaram o mundo moderno

Mário Sérgio Lorenzetto | 18/05/2018 09:08
Os elevadores criaram o mundo moderno

É da nossa natureza. Subir, descerem lugares cada vez mais altos. Sempre para cima. Cordas, cabos, plataformas, roldanas e correias. Com gente ou animais puxando. Quando os escravos de Roma eram servidos no almoço de animais selvagens, outros escravos empurravam as engrenagens que erguia plataformas que os mandavam das trevas do subsolo do coliseu para o sol e os urros da multidão. E dos leões.
Elisha Otis era doente demais para trabalhar com a família. Era um menino de boa aparência, e muito inteligente. Mas era meio fraco. Aos dezenove anos saiu da fazenda da família em Vermont (EUA) para achar o que fazer na vida. Foi para uma fábrica de móveis. Ele e seus colegas passavam o dia lixando curvas e elementos decorativos em camas. E Otis passava a noite pensando em um jeito melhor de fazer aquilo.
Ele inventou uma máquina, uma espécie de torno que acelerava o processo. Aumentava a produção e facilitava um pouco o trabalho dos colegas. E abria novas e empolgantes possibilidades estéticas para as camas. e seu chefe ficou tão impressionado que o tirou do chão da fábrica. Otis virou engenheiro-chefe sem ser engenheiro.
A fábrica tinha um elevador. Várias fábricas começavam a contar com essas maquinas simples. Uma plataforma que levava gente e materiais até um segundo andar. E só. Nem um andar a mais. Às vezes a corda dessa plataforma era puxada por uma catraca movida a vapor. Mas o medo estava presente. Plataformas com gente caiam e matavam.

Otis faz a fama na Feira Mundial dos Estados Unidos.

Era a primeira feira mundial dos EUA. Nova York estava em polvorosa. Os cavalheiros e as damas, depois de caminhar pelos jardins de esculturas e pelas galerias de arte, se viam em um grande salão, cheio de equipamentos industriais. Um deles era o elevador de Otis flutuando no ar. Eles estavam olhando para o futuro. E não sabiam. Porque já tinham visto elevadores antes. É bem verdade que aquele era mais alto. Três andares em vez de dois. Mas nem a pau que aquela novidade ia pegar. Porque quem seria doido a ponto de andar em um elevador de três andares?
Uma queda do segundo andar? Seria uma perna quebrada. Uma queda do terceiro... Um pescoço quebrado. Então eles ficaram olhando Otis, e olhando seu filho, ali ao lado, erguer uma espada e aí descer a lâmina como um carrasco, seccionando a corda que segurava a plataforma. E a plateia gritou. E depois aplaudiu. Elisha Otis não inventou o elevador. Ele inventou os freios do elevador. A pecinha de metal que segura a cabine e detêm sua queda quando o cabo que a sustenta...deixa de sustentar. Elisha Otis não inventou o elevador. Mas seus filhos inventaram o mundo moderno. Os irmãos Otis convenceram o mundo a querer ir mais alto. Os prédios mais altos até essa época, fora as igrejas e os faróis, tinham poucos andares de altura. Eram limitados pela incompetência dos engenheiros, mas muito mais pelas escadas. As pessoas não aguentavam subir demais.
Então os irmãos Otis vieram com uma proposta original. Quanto mais alto, melhor. Primeiro se dirigiram aos hotéis, e os convenceram a virar a ideia de luxo de cabeça para baixo. Antes do elevador, os melhores quartos eram os do térreo. Você não precisava subir. Escada era coisa de otário. Os irmãos Otis inverteram essa ideia. Otário é quem fica no térreo. Barulho...sujeira...mau cheiro das ruas. E os hotéis compraram a ideia. E construíram prédios altos. E os viajantes endinheirados gostaram da vista. E quando chegou a hora de construir seu próximo prédio, eles foram ainda mais alto. E compraram com a Otis Elevator Company. Os prédios cresceram. Fez-se o mundo moderno.

Arquivo Mundial do Ártico: o saber da Humanidade, conservado no gelo.

A ideia- copiar todo o saber da Humanidade, ou pelo menos o essencial - e preservá-lo para que não se perca não é nova. Foi a intenção dos enciclopedistas do século XVIII e era o objetivo da mítica Biblioteca de Alexandria. Mas nem os filósofos da ilustração nem os esforçadas copistas aos que Ptolomeu encarregou de salvaguardar o saber helenístico, contaram com a tecnologia e as possibilidades do conhecido como Arquivo Mundial do Ártico. Esse arquivo fica em um refúgio inexpugnável em uma ilha norueguesa onde já repousam, entre outros dados, a cópia da tela "O Grito", de Edward Munch e alguns dos gols de Pelé.
A ideia de criar um lugar seguro que funcionasse como um gigantesco disco de computador para guardar dados importantes, surgiu como imitação do Banco Mundial de Sementes situado no arquipélago de Svalbard, um espaço que aloja em uma antiga mina em torno de 500 milhões de sementes para preservar a biodiversidade. Situado no mesmo lugar, o Arquivo do Ártico está preparado para resistir à catástrofes, conflitos armados e ciberataques uma vez que a informação armazenada não está conectada à internet. Os documentos são guardados em formato de filme que podem resistir a mais de 500 anos.
Esse arquivo foi inaugurado em março de 2017. Os primeiros dados para lá enviados foram os do Brasil e do México.

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