Em Pauta

Os dignos herdeiros de Cacareco

Mário Sérgio Lorenzetto | 06/11/2016 08:05
Os dignos herdeiros de Cacareco

Nas eleições municipais de 1950, Cacareco teve mais de 100 mil votos, o suficiente para se elege vereador em São Paulo. Todavia, Cacareco era o rinoceronte do zoológico da cidade. Estava dado o tiro de largada para uma tradição de bizarrices eleitorais, em um pais louco, alegre e criativo, como poucos.

Depois de Cacareco, veio o Dr.Enéas. Médico de longas barbas negras. Com meros 10 segundos de tempo de televisão, formulava uma série de ideias, sem no entanto, percebermos nenhuma além do bordão final: "Meu nome é Enéas". Era um Cacareco de barbas. Excêntrico como poucos.

Mas, o mais excêntrico no Brasil, não é a existência de candidatos excêntricos e sim de eleitores excêntricos para neles votar. Enéas, mesmo depois de morto, mantêm o recorde de maior votação para deputado federal do país. Seu digno sucessor é Tiririca, o palhaço-deputado. Uma palhaçada de quinta categoria.

O sucesso da bizarrice inspira mais e mais bizarrices. E como a cada eleição municipal há cerca de meio milhão de candidatos, ser diferente impõe-se. Nas recentes, vimos de tudo um pouco. Apareceram aqueles que se auto-depreciam. Feioso, Cara de Pneu, Boca Torta, Boca de Pia e o campeão - autodenominado "O Merda". Também tivemos as vaidosas: Natália, a Gostosa e Evaneide, a Gata. Ou os representantes de Hollywood: Vin Diesel Curitibano, Stallone, Rambo e Batman. Os televisivos nacionais: Big Brother e Novela.O fascínio com os Estados Unidos apareceu mais uma vez: Obama, Kennedy, Jimmy Carter, Clinton e Jorge (sic) Bush. E seus mais diletos inimigos: Bin Laden e Stalin. Houve espaço para o sacrilégio: Diabo Loiro, Satanás e Filho do Padre. Bem como os revolucionários dos costumes, de 31 candidatos transexuais em 2012, chegamos a 80 em 2016. E um candidato chamado Mario Gay, foi eleito em Andradina (SP).

Causou apreensão a candidatura da filha do criminoso mais famoso do país. A filha de Fernandinho Beira Mar não conseguiu se eleger. Assustador mesmo foi o caso de José Gomes que votou algemado, um matador de aluguel que acabou eleito pela cidade que aterroriza. Não é de estranhar que no país que mata mais gente que a Guerra da Síria, tenha assistido 28 mortes por motivos políticos. A lista de excentricidades é interminável. O ex-ministro de Dilma, Edinho Silva, venceu a ex-esposa em Araraquara. Mas a surrealista foi a eleição em Piraju (SP). Um empate entre os candidatos obrigou a apurar qual era o mais velho, sucede que, como ambos nasceram em 11 de fevereiro de 1970, foi necessário garimpar a hora de nascimento.

Há tantos casos que se torna difícil de concluir a escrita. Concluamos pois com o novo prefeito de Monte Alegre (MG), que se chama Dr. Último. O Cacareco os aguarda na próxima.

Freiras plantam e vendem produtos derivados da maconha

A ordem das freiras é denominada Sisters of the Valley, são independentes do Vaticano e vivem em uma fazenda na Califórnia. Se você já viu de tudo, prepare-se para mais esta: elas plantam e vendem produtos à base de maconha.

Parte dos 81 mil habitantes de Merced, não aceita a plantação de maconha. Há alguns meses um projeto dos vereadores tramitou para proibir a plantação da freiras. Elas não ficaram em silencio, agitaram a pequena cidade afirmando que pagam elevadíssimos impostos e trazem muitos turistas para a cidade sem atrativos. Estão recolhendo assinaturas em uma petição que invalida o projeto de lei. Também afirmam que tudo não passa de preconceito uma vez que os cremes para a pele, óleos e produtos do canabidiol para psicose crônica, para combater as dores do câncer e as convulsões, já foram testados com sucesso em muitos lugares. Os preços de seus produtos variam entre R$270 e R$300 e os clientes podem comprar pela internet o óleo de canabidiol, pomadas e tinturas. Os lucros chegaram a R$192 mil, em 2015 e são usados no pagamento de salários e na manutenção da fazenda.

O Príncipe da Maconha construirá um império?

Ele é chamado de "Príncipe da Maconha". Mais famoso ativista da legalização da maconha nos Estados Unidos e no Canadá, foi preso por causa da "erva" em 34 ocasiões. Não se rendeu. Construiu uma rede com 4 lojas que vendem maconha e se prepara para alavancar, como auxílio de investidores milionários, um verdadeiro império, abrirá uma loja a cada dois meses. Marc Emery, hoje um pacato senhor de 58 anos, que veste-se como um aposentado, leva multidões a suas lojas quando as visita. Ele viaja pela Europa e pela América Latina em uma cruzada internacional pela legalização da erva. Emery começou sua cruzada nos anos 80. Vendia livros e revistas sobre os supostos benefícios do consumo da maconha. Naquele tempo qualquer publicação tratando da maconha era proibida. Em seguida, foi mais longe, criou um jornal especializado no assunto: Cultura Cannabis. Nos anos 90 e 2000 passou a vender pelos correios sementes de maconha. Conseguiu obter um lucro de US$ 5 milhões. Tornou-se forte e popular. Diz que perdeu toda sua fortuna inicial com advogados e campanhas para sair das prisões e propagar a legalização da maconha. a maconha não é legal no Canadá, mas com o relaxamento das leis, suas lojas vendem tudo que for relacionado com a cannabis, inclusive os cigarros. Eventualmente, uma de suas lojas é fechada pela polícia, Emery vai pessoalmente reabri-la. E vence, na justiça, suas disputas com a polícia. A receita das vitórias é simples, paga mais US$ 600 mil em impostos. Pagou imposto, legalizou até fezes enlatada, assim pensam e agem governantes de todo o mundo.

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