Em Pauta

O que tira o sono dos pais de alunos é a insegurança!

Mário Sérgio Lorenzetto | 26/05/2017 08:18
O que tira o sono dos pais de alunos é a insegurança!

Uma das maiores pesquisas sobre a educação no Brasil foi contratada pela fundação Omidyar Network, do fundador do eBay, Pierre Omidyar. Entre o fim de 2015 e o início de 2016, foram feitas pesquisas qualitativas em todas as regiões do país.

A pesquisa pretendia, inicialmente, saber o que tira o sono dos pais e dos alunos com relação à educação. Esperava-se descobrir algo relacionado à má qualidade do ensino, às preocupações com notas baixas ou à falta de métodos pedagógicos e desenvolvimento de habilidades voltados para o século XXI. Mas, para surpresa dos pesquisadores, a maior preocupação está ligada ao século XIX - à falta de segurança. Um problema que deveria ter sido resolvido há mais de cem anos.

A preocupação com a insegurança é bem dimensionada. Mais de 60% das famílias viveram histórias de violência perto de casa e só 26% se diziam tranquilas com o fato dos filhos irem sozinhos para a escola.

Na pesquisa, são diversos os relatos de crianças que dão voltas mais longas para evitar pontos de tráfico ou áreas violentas. Pior ainda para as meninas. Elas são proibidas de estudar em escolas melhores e mais distantes ou elas mesmas têm medo, desistem e acabam ficando na escola fraquinha do bairro. A regra é criança acompanhada pelos pais em seu trajeto à escola.

O segundo lugar na pesquisa, o que tira o sono dos pais logo após a insegurança é a falta de bons professores. Melhor dizer que é a falta de professor, seja bom ou péssimo. A pesquisa mostrou que os melhores mestres não são aqueles que estimulam os alunos com desafios intelectuais ou na busca pela autonomia. São simplesmente os que não faltam e passam bastante tarefas de casa, na visão dos pais. Ou seja, o maior escândalo educacional do Brasil é a falta do professor que ensina o óbvio, mesmo que seja um ensino atrasado. A regra geral é professor com atestado médico para não lecionar. Elementar meu caro, mas ninguém imaginava que o caos educacional era tão profundo e atrasado.

Quem matou o fim de semana?

Os fins de semana estão se tornando algo indistinguível dos cinco dias anteriores. Estão repletos de trabalhos, compras, tarefas de casa... Raros são aqueles que chegam ao domingo descansados ou rejuvenescidos. Surge um novo movimento na Europa e Canadá para recuperar esses dois dias.

Quando não há saída e precisam trabalhar, colocam alarme nos celulares para melhorar regular a obrigação. Reorganizam suas agendas para fazer compras e a limpeza da casa durante a semana. Os que não conseguem optam por "viver em casas em meio a alguma bagunça". Estão se inspirando nas leis judaicas de permanecer distanciados da tecnologia e de qualquer tipo de esforço desde que cai o sol na sexta-feira até o ocaso do sábado. Adotam uma espécie de "shabat" agnóstico e apagam os aparelhos eletrônicos. Em troca, ocupam o tempo jogando, visitando amigos, passeando na natureza, montando enormes quebra-cabeças, leem, assistem filmes, ouvem músicas... Começam a entender que devem ter o mesmo compromisso com o fim de semana que tem com o trabalho nos outros dias. Mas, quem matou o fim de semana?

A resposta têm caráter ideológico. Pode ser "nós mesmos", como podemos culpar o "capitalismo".
Seja religioso ou não, o princípio do Shabat, dedicar menos um dia da semana para nada produzir, é vital para nossa saúde física e mental. Estavam transformando o tempo em uma commoditie, começam a reagir a esse fenômeno. tempo gasto em ócio é o mais criativo que dispomos, nele temos nossas melhores ideias e descobrimos quem somos à margem do trabalho.

Quem inventou o fim de semana?

O fim de semana ocioso é uma conquista recente dos trabalhadores. Ocorreu na Inglaterra do início do século XIX, nas primeiras décadas da Revolução Industrial. Antes disso, os trabalhadores até podiam tirar alguma folguinha por motivos religiosos, mas não recebiam salário relativo aos dias parados. Mas porque escolheram o sábado e domingo para o descanso? A explicação está em um passado bem remoto. Na Antiguidade, os romanos dedicavam os sábados ao deus Saturno, que regia a agricultura. Esse dia era reservado para o descanso, uma forma de agradecimento ao deus pelas boas colheitas. No judaísmo, o sábado também era dia de descanso obrigatório. Já o domingo ganhou esse status bem mais tarde. Só na era cristã é que passou a ser considerado sagrado, porque Jesus ressuscitou dos mortos em um domingo.

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