Em Pauta

O índice baton e o índice cachaça

Mário Sérgio Lorenzetto | 22/12/2016 06:55
O índice baton e o índice cachaça

A crise está brava. E não é apenas no Brasil. Nos Estados Unidos criaram o índice baton. Os economistas notaram que as vendas de baton aumentam na dificuldade financeira. Com poucos dólares sobrando nas carteiras, as norte americanas que não conseguem ir ao salão de beleza ou comprar roupa nova, "vingam-se" na peça de maquiagem pessoal, muito mais barata, mas capaz de levantar a moral com duas ou três passadas nos lábios.
No Brasil, até setembro, o consumo de cerveja caiu 5% em relação ao mesmo período de 2015 e o faturamento da AmBev desceu 6 pontos. As consultorias já tinham antevisto o problema que denominam "Índice Cachaça". Há uma relação próxima entre o otimismo do consumidor brasileiro e a venda de cachaça e de cerveja. Otimismo é sinônimo de vendas fartas de cerveja. Pessimismo é ligado à cachaça. Além disso, a cachaça é mais barata que a cerveja e mais eficaz. Se o objetivo for esquecer a crise e o desemprego, o aumento das vendas de cachaça é quase instantâneo.

O mi-mi-mi do homem mais rico do Brasil

Jorge Paulo Lemann é um suíço-brasileiro que vive em Genebra. É o homem mais rico do Brasil e um dos mais ricos do planeta. Sua fortuna está avaliada em 33 bilhões de dólares. Atenção: de dólares e não de reais. Ele é dono de uma parte expressiva das cervejarias do mundo. Calcula-se que para cada três cervejas ou chopes vendidos no mundo, uma é do Lemann.

Lemann saiu de Genebra em seu jato e veio a Brasília. O objetivo era participar da reunião do Conselhão. Um grupo formado pelos 92 mais ricos e poderosos brasileiros para aconselhar o Presidente da República naquilo que julgarem melhor para os rumos da economia nacional.

Os jornais registraram que Lemann dormiu na reunião. Logo após, teria reclamado: "No Brasil, a vida está dura até para vender cerveja". Sem dúvida, o cervejeiro tem razão. Mas um homem de 33 milhões de dólares queixar-se de dinheiro é uma desfaçatez. Ao invés de tirar, deveria pensar em colocar. Ao invés de lucros, investimentos. Ao invés de dormir, contribuir.

Encontraram uma explicação para os chupa-cabras, o primeiro monstro da internet

Cada geração tem seu monstrinho de estimação. Vampiros, lobisomens, Saci Pererê, monstro do lago Ness, pé grande e outra centena de equivalentes incendiam a imaginação popular. O primeiro monstro criado e apascentado pela internet foi o chupa-cabra. A primeira pessoa a avistar o monstrinho foi Madelyne Tolentino, da cidade de Canóvanas, em Porto Rico. Em 1995, ela afirmou ter visto uma criatura parecida com um alien na janela de sua casa.

O inacreditável, a partir daí, não foi o monstro e sim a velocidade com que se propagou a ideia da existência do chupa-cabra. Em Porto rico outros relatos surgiram. Viralizou, como dizemos hoje em dia. O chupa-cabra apareceu milhares de vezes no Brasil e na América Latina. Passou pelos Estados Unidos e chegou à Rússia. Uma reportagem no programa "Domingo Legal" do SBT, em 1997, levou a outra onda de aparições da criatura.

Até que no início do ano 2000, um novo chupa-cabra apareceu. Dessa vez, era mais parecido com um cachorro e menos com um alien. Agora, temos o "Chupa-Cabra III", um estudioso de chupa-cabra. Benjamin Radford, pesquisador do Comitê para Investigação Cética (CSI), dos Estados Unidos, afirma que estudou longa e demoradamente, inclusive com corpos encontrados, esse monstrinho. Eles seriam nada menos que os prosaicos cãezinhos com sarna. Enquanto isso, outros milhões de chupa-cabra pululam pelo mundo afora. Tem chupa-cabra de cabelo laranjado. Tem chupa-cabra de barba e voz rouca. Tem chupa-cabra falando francês com voz feminina... Escolham seu chupa-cabra natalino.

A falácia do aumento de impostos para os ricos

A esquerda brasileira meteu-se em uma armadilha da qual levará um decênio para sair. A pesquisa eleitoral realizada pelo Datafolha, que amedrontou parte da classe média e dos ricos, colocando Lula e Marina, dois pilares do esquerdismo infantil brasileiro, nas primeiras posições, exprime apenas e tão somente o conhecimento, a lembrança de que são eternos candidatos à presidência e nada mais. Não assustam nem a freirinha do convento. Mas, a armadilha em que se meteram é outra. "É preciso cobrar dos mais ricos". É ai que mostram o profundo despreparo de tudo que dizem.

Parece consensual, na esquerda - seja do PT, PC do B, PSol, Rede, PSTU e PCO - a impressão de que as empresas pagam pouco imposto de renda. Também vendem a ideia de que os proprietários dessas empresas pagam muito pouco imposto, uma vez que os dividendos que recebem de suas companhias estão isentos do imposto de renda que eles devem, como pessoas físicas.

As coisas não são tão simples como a esquerda quer propagandear. Há três regimes de pagamentos de impostos pelas pessoas jurídicas no país. Em um deles - chamado "lucro real" - paga-se muito imposto, auferido sobre o que de fato a empresa lucrou em um determinado período de tempo. Nesse caso, a alíquota do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), somada à da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), é de 34%. No caso específico dos bancos, alvo fácil e costumeiro das esquerdas, que sempre operam no regime de lucro real, a alíquota somada do IRPJ e CSLL é ainda maior, correspondente a 40% do total. Uma vez que a alíquota cobrada da empresa já é tão alta, faz todo sentido que os dividendos dessas companhias, depois de distribuídos para os acionistas, sejam isentos do imposto de renda da pessoa física - a tributação já ocorreu na pessoa jurídica e com alíquota bem superior a qualquer fração da renda que se poderia cobrar da pessoa física.

Mas, o que é realmente espantoso é o fato de que os sucessivos governos petistas, por mais de treze anos no poder, tenha se dedicado tão pouco à agenda de aumentar os impostos para os mais ricos. Pelo contrário, procurou de todas as formas diminuí-los de forma suicida.
Dessa armadilha não há como sair. Terão de explicar como nunca apresentaram, em uma disputa presidencial, o tema de tomar dinheiro dos ricos para... Deixa prá lá!

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