Em Pauta

O homem que recebe o maior salário do mundo

Mário Sérgio Lorenzetto | 24/05/2016 08:08
O homem que recebe o maior salário do mundo

Seis bilhões de reais. Esse foi o salário recebido por Kenneth Griffin em 2015. Ele é o gestor do Citadel, uma empresa de Chicago (EUA) que trabalha com fundos hedge (fundos de alto risco). Em 6 meses de 2008 Citadel estava falida, recuperou-se graças à audácia de Griffin de proibir os investidores de retirarem seu dinheiro das aplicações que ele geria. Essa atitude é vista como um sacrilégio pelo mercado financeiro, pois acaba com a credibilidade de uma empresa.

Após três anos, Griffin não só havia recuperado o dinheiro perdido pelos investidores como estava dando lucro. Ele diz que o segredo de seu sucesso é trabalhar somente com mentes brilhantes que se dedicam 24 horas por dia aos negócios. Citadel abriu 300 vagas de emprego no ano passado, mais de 10 mil pessoas se candidataram às vagas. Griffin entrevistou, pessoalmente, aproximadamente 5 mil deles. Além da genialidade dos funcionários da Citadel, há também como fator preponderante de sucesso o uso intensivo de sofisticados programas de computador, que permitem prever o comportamento do mercado.

Cientistas recuperam o conteúdo de um pergaminho que foi calcinado pela erupção do Vesúvio.

A "Vila dos Papiros" continua dando seus conhecimentos até nossos dias. Nela estão depositados pergaminhos que nos legam parte fundamental do conhecimento greco-romano. No ano passado foi a vez de um pergaminho escrito por Filodemo de Gádara, um famoso epicurista. Usando uma avançada técnica de imagem por raio-X, puderam localizar letras e palavras escritas sob um papiro completamente carbonizado.

No dia 24 de agosto do século I da era cristã, uma tremenda erupção do Vesúvio enterrou, sob toneladas de rochas vulcânicas e cinzas, algumas cidades romanas como Pompéia e Herculano. A tragédia, entretanto, serviu para conservar algumas maravilhas do Império Romano, como os afrescos dos palácios de Pompéia. No século XVII outra maravilha seria descoberta - a "Villa dei Papiri" (Vila dos Papiros) mostrava a erudição de gregos e de romanos, especialmente dos epicuristas. Um desses pergaminhos acaba de ser lido em nossa era.

Pouco restou do conhecimento e sabedoria de gregos e romanos.

Pela imensa fama, muitas pessoas imaginam que os escritos de gregos e romanos foram preservados. Nada mais falso. Fora os fragmentos carbonizados de papiros recuperados em Herculano, na Vila dos Papiros, outro depósito importante de "livros" (papiros e pergaminhos) foi encontrado em pilhas de detritos na antiga cidade egípcia de Oxyrhynchus. E ponto final. Isso mesmo, somente dois grandes "depósitos" de livros da antiguidade greco-romano nos restaram.

Tudo que chegou até nós são cópias, na maioria das vezes distantes no tempo, espaço e na cultura, em relação ao original. Isto significa que são suscetíveis de erros crassos. Vamos ao que sabemos do que nos restou. Das 80 ou 90 peças de Ésquilo só sobreviveram sete. Das cem de Sófocles, também sobreviveram sete. Eurípides escreveu 92 peças, só conhecemos dezoito delas. Aristófanes teve a mesma sorte - sobreviveram onze de 43.

Praticamente toda a produção de muitos outros escritores , famosos na Antiguidade, desapareceu totalmente. Cientista, historiadores, matemáticos, filósofos e políticos ( na Antiguidade eram intelectuais de renome) deixaram algumas de suas maiores realizações, mas seus livros sumiram. A invenção da trigonometria, os cálculos da longitude e latitude ou a análise racional do poder político não nos chegaram em livros, mas em informações "picadas", pedaços de um papiro aqui e outro acolá. Só o "Bunda de Bronze", apelido jocoso de Dídimo de Alexandria, por nunca tirar o traseiro de um banco onde escrevia, escreveu algo como 3.500 livros - todos desapareceram. Sobraram apenas fragmentos dos escritos do Bunda de Bronze.

O desaparecimento dos livro foi na prática efeito do clima e das pragas. Embora o papiro e o pergaminho fossem absurdamente duradouros (muito mais que nossos papéis atuais ou os dados de um computador), eram escritos, preferencialmente, por uma "tinta" composta por fuligem de velas, água e goma de árvores. Um escritor ou um escriba que errasse podia passar uma esponja pelo texto que ele desaparecia imediatamente. Bastava tossir sobre ele para que as letras e palavras sumissem. Mas o maior "devorador de textos" foram as traças. Elas eram denominadas de "dentes do tempo".

A radicalização religiosa destruiu a maior biblioteca do Mundo.

A maior biblioteca do mundo antigo estava localizada em Alexandria, a capital do Egito e importante centro comercial do Mediterrâneo. A cidade tinha muitas atrações turísticas, inclusive um teatro impressionante e um Museu ( nada a ver com os atuais museus, era um espaço dedicado às deusas Musas, voltado para orações e debates filosóficos). No centro de Alexandria foi erigido um imenso prédio para acumular toda a herança cultural grega, romana, babilônica, egípcia e judaica. O custo foi enorme.

A partir de 300 a.C, os reis que governavam o Egito tiveram a feliz ideia de atrair os principais eruditos, cientistas, poetas e filósofos para sua cidade. Ofereceram-lhes empregos vitalícios com belos salários, isenções fiscais, comida e alojamento gratuitos, além de acesso ilimitado à biblioteca que não parava de crescer.

Euclides desenvolveu sua geometria em Alexandria. Arquimedes produziu uma estimativa precisa do valor do Pi e estabeleceu as bases para o cálculo integral nessa cidade. Eratóstenes, afirmou, pela primeira vez, que a Terra era redonda e calculou sua circunferência com erro de 1%. Galeno revolucionou a medicina. Alguns geômetras deduziram que a duração de um ano era de 365 dias e um quarto. Os geógrafos de Alexandria afirmaram que seria possível chegar à Índia navegando para o Oeste a partir da Espanha (ideia usada por Colombo).

Seus engenheiros desenvolveram a hidráulica e a pneumática. Os anatomistas de Alexandria entenderam que o cérebro e o sistema nervoso eram uma só unidade. Estudaram com profundidade a função do coração e do sistema digestivo. O primeiro experimento feito por nutricionistas foi realizado em Alexandria. A biblioteca de Alexandria não era apenas composta por livros e sim pelos melhores cérebros do mundo antigo. Ela não estava associada a uma doutrina, nem a uma religião e nem a uma filosofia. Era cosmopolita e aberta. Em seu apogeu, continha pelo menos 500 mil rolos de papiro sistematicamente organizados, etiquetados e armazenados (pela primeira vez) por ordem alfabética. A radicalização religiosa destruiu essa maravilha.

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