Em Pauta

Mercado chinês amplia procura por commodities brasileiras

Mário Sérgio Lorenzetto | 08/11/2013 07:15
Mercado chinês amplia procura por commodities brasileiras

China comprará o milho brasileiro.Sucesso na missão de Michel Temer

Brasil e China estão elaborando um acordo que possibilitará a aquisição do milho brasileiro pelo gigante chinês. O pré-acordo tem como premissa um aumento gradativo na compra do grão até atingir 10 milhões de toneladas por safra, aumentando as nossas exportações em US$2 bilhões com os preços atuais.

A previsão do principal órgão de controle dos EUA – o USDA (Departamento de Agricultura) – é a de que na safra 2013/2014 as vendas do milho brasileiro ao exterior chegarão a 18 milhões de toneladas. Foram 24,5 milhões na safra 2012/2013. As importações da China do cereal chegarão a 7 milhões de toneladas, substancial acréscimo pois comprou 3 milhões de toneladas na última safra.

Esse deve ser um dos sucessos do encontro dos vices, chinês e brasileiro, Wang Yang e Michel Temer. Eles estão derrubando, aceleradamente, as barreiras fitossanitárias que obliteravam a venda direta para a China.

O chinês calado e a vaca louca brasileira

Os maiores compradores de carne bovina não são mais os russos. Hong Kong tomou o primeiro lugar. Claro que Hong Kong com apenas 7 milhões de habitantes não consome tanta carne. Revende para China inteira. Oficialmente está proibida a entrada de carne bovina brasileira na China desde 2012 por conta da confirmação de um único caso da doença da “vaca louca” no Paraná.

De janeiro a setembro deste ano, as vendas para Hong Kong aumentaram 71,4% em volume e os frigoríficos nacionais receberam US$ 1 bilhão. É provável que Pequim continue a interditar o acesso da carne brasileira, apesar dos pedidos que a delegação brasileira comandada pelo vice-presidente Michel Temer está fazendo na China.

Temer foi a Macau para encontrar com o vice-primeiro-ministro Wang Yang, encarregado de temas econômicos, comerciais e financeiros no Conselho de Estado Chinês, a quem enumerou os pleitos brasileiros, entre eles a reabertura do mercado para a carne brasileira.

O chinês, porém, ouviu e ficou calado. É esperada uma negativa chinesa, porém a expectativa é de uma visita técnica para inspecionar os frigoríficos brasileiros e em seguida liberar a entrada da carne na China.

O país asiático acena com a decisão de comprar mais soja brasileira

Segundo informações da grande reunião bilateral anual realizada em Cantão, o vice-primeiro-ministro chinês, Wang Yang, afirmou que levará à consideração da plenária do Partido Comunista, entre os dias 9 e 12 deste mês, a decisão de comprar mais soja brasileira em detrimento da norte-americana. Conforme a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), a China representou 61% da receita total das exportações de soja e derivados – farelo e óleo - do Brasil entre janeiro e setembro deste ano. No período, as importações chinesas somaram US$16,8 bilhões de um total de US$27,6 bilhões.

Você acha que o Brasil está atravessando o pior momento? Errou!

É fato, o Brasil não atravessa seu melhor momento. O ambiente empresarial está marcado por dúvidas e expectativas sobre a retomada econômica. O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, acaba de informar que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) não será mais uma instituição de R$ 190 bilhões, mas de algo entre R$ 150 bilhões a R$ 155 bilhões. A redução de aportes ao BNDES integra o desmonte do conjunto de estímulos concedidos à economia após a crise iniciada em outubro de 2008. Ele afirma que depois de 2009, o ano de 2013 foi o pior desse período de crise. O ministro também garante que o governo cumprirá o superávit primário de R$ 73 bilhões nas contas públicas – equivalente a 1,5% do PIB. Difícil acreditar, cheira a mais uma “Mantegada”, uma pegadinha do Mantega, até setembro o superávit primário estava em R$ 26,6 bilhões.

E de onde tirar tanto dinheiro, senhor ministro?

Onde o Ministro economizará R$ 46, bilhões em apenas três meses? Em nove meses, ele economizou R$26,6 bilhões. Não resta dúvida que ele esta comprometendo a reeleição da presidenta Dilma. Se o País não atravessa seu melhor momento, podemos garantir que não estamos em um beco sem saída. Ao contrário, a julgar pelo vigor e pela estatura de seu parque produtivo, ele parece ter excelentes motivos para sonhar com um lugar de destaque no tabuleiro global.

Segundo as novas regras contábeis vigentes no País, o número de empresas com receitas acima de R$ 1 bilhão subiu de 371 para 420 – alta de 13,2%. O das que faturaram mais de R$ 10 bilhões saltou de 48 para 59 – crescimento de 22,9%. E aquelas que tiveram desempenho acima dos R$ 50 bilhões, pularam de oito para dez empresas. Trata-se de um pelotão de elite, é bem verdade, mas como motor da economia nacional, esse time demonstra que, apesar de a crise mundial ter comprometido as chances de um desempenho extraordinário da produção, não anulou um crescimento consistente.

Não podemos olhar apenas os números de um ano e, sim, como a economia se comportou em dez anos

Pergunte a qualquer empresário qual foi o melhor ano para seu negócio e ele responderá que foi 2010. Na época, o País registrou um crescimento de 7,5% no PIB, foi um pibão. O varejo ampliou suas vendas em 12,2% e a indústria, em 10%. A memória do pibão de 7,5% vem transformando o crescimento da economia, nos últimos anos, em pibinhos. Em 2011, tivemos 2,7% e piorou, no ano passado não chegamos a 1%.

Todavia não é aconselhável observar somente os números mais recentes, pois assim estaremos desprezando as conquistas alcançadas na última década.

Dez tarefas para a Dilma.

O que falta fazer para colocar o Brasil definitivamente no século XXI? É uma tarefa hercúlea para uma equipe que em nada se assemelha à do Lula. Com poucas exceções, a turma da Dilma tem de suar muito para conseguir bons resultados.

Cairão os últimos fios de cabelo do Ministro da Fazenda? Os projetos bombas do legislativo

Se não bastasse a última temporada de críticas do empresariado à política econômica comandada pelo Ministro da Fazenda – Guido Mantega. Se a política de empréstimo traçada pelo FED, o Banco Central dos EUA e a desaceleração do “compra tudo chinês”, agora surgem as “pautas bombas” no Congresso Nacional. De acordo com Mantega, se as 30 propostas que estão para ser votadas forem aprovadas podem ultrapassar a casa dos R$ 60 bilhões, ou até mais, por ano.

O projeto que fixa o piso salarial dos agentes comunitários de saúde, prometido pelo presidente da Câmara ser levado ao voto, teria um impacto de R$ 4,4 bilhões ao ano. Outra que faz Mantega perder mais alguns fios de cabelo é a PEC 341/13, que aumenta em 2% o repasse pela União do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). O impacto projetado seria de R$ 6,5 bilhões.

Equiparação com salários de ministro do STF: quase todos querem

O Ministério da Fazenda tem alguma possibilidade de continuar travando a votação da PEC 147/12 que propõe que os salários dos servidores da Receita Federal, do Banco Central, dos fiscais do trabalho e da agricultura corresponderão a 90,25% dos vencimentos dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), em R$28 mil. Na mesma linha, a PEC 443/09 vincula o salário de carreiras jurídicas, como a dos advogados da União, a 90,25% do subsídio no STF.

No conjunto das PECs, também alarma o governo a PEC555/06, que extingue a contribuição dos inativos à previdência. A proposta que causa maiores arrepios ao governo federal é a PEC300/08 que equipara os salários dos policiais militares e bombeiros de todo País aos do Distrito Federal. Falam em rombo de R$30 bilhões ao ano.

Safra recorde fez faturamento de cooperativas agrícolas avançar 16,5%

Uma rápida leitura dos números do agronegócio conduzirá ao entendimento que, ao contrário da maior parte da economia, o setor está longe de viver uma desaceleração. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento, a safra de grãos 2012/2013) atingiu o recorde de 186 milhões de toneladas, uma alta de 12,1% em relação ao período anterior.

Metade desse volume passa pelas mãos das 1.561 cooperativas agrícolas do País, que reúnem 1 milhão de cooperados. O faturamento do setor totalizou R$85 bilhões no ano passado. Com esse cenário crescem as 5 maiores cooperativas agrícolas brasileiras – Coamo, Cocamar, Copacol, Aurora Alimentos e C.Vale.

A maior, Coamo, não para de multiplicar os seus rendimentos. Essa cooperativa que atua no Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, faturou R$ 7,1 bilhões no ano passado, alta de 20%.

Coamo é gigante no Brasil e maior cooperativa agrícola da América Latina

A Coamo não é apenas a maior do Brasil, também é a maior cooperativa agrícola da América Latina e representa 3,5% da produção nacional de grãos, com ênfase para a soja, milho e trigo. Do total colhido, 40% é exportado e os 60% restantes abastecem as indústrias nacionais.

Os planos da cooperativa incluem aumentar a capacidade de armazenamento e modernizar o fluxo de chegada das mercadorias. Desejam receber a colheita mais rapidamente para evitar as filas dos caminhões. Continuam escoando a colheita durante a safra, período em que os valores dos fretes estão nas alturas. Em média, um produtor de milho do Mato Grosso do Sul gasta R$ 17 para levar cada saca até o porto e fica com apenas R$ 11 no bolso é o que afirma a Coamo.

No exercício de 2012, a Coamo recebeu em seus armazéns nas suas 119 unidades localizadas em 66 municípios do Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, um total de 5,63 milhões de toneladas, um crescimento de 8,7%. A capacidade de armazenagem, crescente, é de 4,43 milhões de toneladas. Ela conta com 5.898 funcionários efetivos. A notícia que mais agradou os cooperados de Amambai, Laguna Carapã, Aral Moreira e Caarapó foi a de que a Coamo distribuiu R$195 milhões em sobras para os 25.367 agricultores associados.

As gigantes brasileiras

Ministério da Agricultura lança programa de combate à lagarta helicoverpa

Como essa coluna adiantou, as lavouras paranaenses e mato-grossenses padecem com a fome da lagarta helicoverpa. Quem mais tem sofrido prejuízos, contudo, é a Bahia e, por conta disso, o Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) implantou o Plano de Supressão da Helicoverpa Armígera, publicado ontem no Diário da União. Segundo o Mapa, o oeste baiano perdeu R$ 2 bilhões na safra 2012/2013 devido a ataques em grãos e fibras cultivados naquela região. Existem relatos de mais de cem espécies de plantas que podem ser hospedeiras e atacadas pela Helicoverpa armigera, inclusive culturas comerciais, como feijão, soja, algodão, milho e tomate.

O plano emergencial prevê, além do ataque, o vazio sanitário nas áreas atingidas, adoção de áreas de refúgio, controle biológico, aplicação de inseticida químicos e monitoramento direto da praga. Para o monitoramento, a técnica utilizada será a isca de feromônio. O Mapa ainda autorizou a importação emergencial de agrotóxicos que contenham o Benzoato de Emamectina.

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