Em Pauta

Mais conservador, Congresso Nacional precisará do PMDB em 2015

Mário Sérgio Lorenzetto | 20/10/2014 13:35
Mais conservador, Congresso Nacional precisará do PMDB em 2015

Congresso Nacional mais conservador em 2015

A opinião dominante entre os analistas é a de que se alguma coisa mudará na política, em 2015, será o Congresso Nacional, que se tornará mais conservador. Quando não foram reeleitos, velhos caciques passaram o bastão para os seus filhos ou demais parentes. Alguns expoentes dessa área obtiveram votações consagradoras - Bolsonaro, Marco Feliciano, Russomano e Tiririca - e saem fortalecidos. Além disso a bancada ruralista, com claro viés conservador, cresceu muito eliminando algumas vagas tradicionais de representantes da indústria e dos serviços (comum perfil mais mudancista).

Quem ganhar a eleição presidencial, Dilma ou Aécio, governará com base numa ampla coalizão. O PMDB, com certeza, fará parte de ambas e não faltarão críticos à suposta falta de princípios de Dilma ou de Aécio na montagem da base de governo. Tampouco faltarão aqueles que responsabilizarão o Congresso por tudo que poderia ser feito e não ocorrerá.

PMDB é fundamental para governabilidade

Contudo, a suposição de que o regime político brasileiro é travado pela fragmentação do Congresso resiste a todas as provas em contrário. Em política, conta o número, e é por isto que o PMDB é fundamental para que deseje governar. O PMDB é fundamental porque é grande. Porque tem muitos votos. E só cegos não reconhecem que algum mérito esse partido deve ter, ou então não conseguiria sobreviver como tantos outros que com a maturação da democracia se tornaram apenas partidos cartoriais. Supor que o PMDB vive exclusivamente do clientelismo é tapar o sol com a peneira.

Nova política envelheceu em uma semana

Desde a derrocada da ditadura militar, não víamos a imprensa trabalhar tanto por mudanças. O nome que ostentava essa flâmula era o de Marina, com seus subordinados: o PSB e a Rede. Não era uma verdadeira mudança e a derrota foi acachapante. Provavelmente, definitiva. Esses três grandes contendores estão dispersos nas candidaturas tucanas ou petistas e o clima da "nova política" envelheceu em uma semana.

Debate econômico continua ignorado

Infelizmente os marqueteiros continuam dando as cartas e o debate econômico necessário permanece onde estava - jogado às traças. Mas é possível vislumbrar as diferenças entre petistas e tucanos ainda que seja necessária com uma lupa. A posição dos governistas pode ser resumida da seguinte maneira: os problemas da economia são, principalmente, decorrentes da crise global. As políticas econômicas colocadas pelo governo federal têm tido como meta proteger o trabalhador brasileiro dessa crise, apesar de gerar uma modesta deterioração fiscal. Todavia, a recuperação global está em curso e com isso o governo poderá retirar o excepcional nível de apoio à economia, deixando o mercado ocupar maiores espaços.

Com fim da eleição, saída dos marqueteiros trará verdades

Pelo lado oposicionista, a ênfase é dada a fatores domésticos e não aos internacionais para explicar o pouco dinamismo da economia. Valorizam erros de gestão da política econômica. Uma combinação de deterioração do tripé macroeconômico e intervenções microeconômicas mal pensadas e mal executadas têm levado a uma piora nas referências da economia, tanto do ponto de vista absoluto como relativo a outros países emergentes. Sendo assim, o país necessita de um vigoroso ajuste. Há verdades nas duas posições e o ideal seria uma soma desses pensamentos, o que provavelmente ocorrerá após o término do período eleitoral, quando as verdades aparecerão com a exclusão dos marqueteiros.

As fontes de informações eleitorais no primeiro turno

É verdade que as pesquisas influenciam os eleitores? Ajudam a criar o voto útil? É possível afiançar que elas influenciam os caixas de campanha, que podem aumentar ou diminuir de acordo com a posição do candidato. Também influenciam o humor dos militantes. São decisivas para formar as coligações. E o mais importante: determinam o espaço que cada candidato terá na imprensa.

Mas não é uma verdade absoluta que as pesquisas determinam o voto do eleitor. Se fosse assim, quem começar em primeiro lugar sempre terminará em primeiro lugar. Isto não é o que se vê pelo país. Além disso, o Ibope no primeiro turno, perguntou quais eram as fontes de informações que o eleitor considerava na hora de decidir o voto. A mais importante era o noticiário da TV, que obteve 55%. A internet ficou com 20% e as conversas com amigos e familiares com outro percentual elevado. As pesquisas tiveram apenas 7% do eleitorado como papel de influência para o voto.

Efeito Collor: voto de última hora dificulta pesquisas

Há outro fator que vem dificultando a vida dos pesquisadores: o eleitor tem deixado para o último dia, para a última hora, a escolha de seu candidato. É o "efeito Collor". Sua eleição foi uma decepção para os eleitores, que tiveram de fazer uma autocrítica e aprenderam a esperar para decidir o voto. O eleitor deseja saber como se conduz o candidato, quer ver o debate para depois escolher.

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