Em Pauta

José Serra promete ação nas fronteiras do Brasil

Mário Sérgio Lorenzetto | 21/05/2016 08:08
José Serra promete ação nas fronteiras do Brasil

José Serra é o novo Chanceler do governo. Em seu discurso de posse lançou um plano com dez diretrizes para a nova política externa. De concreto fez uma aceno à Argentina por uma ênfase à agenda comercial no Mercosul. Prometeu agir em tratados bilaterais de comércio e enviou um recado ao governo boliviano, quem acusou de ser negligente no combate ao narcotráfico: vai se empenhar para que os vizinhos se mobilizem contra práticas criminosas nas fronteiras.

Quem repudia a sífilis ficará sem chocolate?

Parece que o planeta está em chamas. Ferve o caldeirão no Oriente Médio. Ucranianos e russos se matam mais uma vez. Na África sempre há fumaças de incêndios devastadores. E o Brasil vive uma profunda crise. Os ventos das comunicações instantâneas e planetárias trazem as fumaças dos conflitos até nossas mais remotas latitudes. Talvez os cavaleiros do Apocalipse andem soltos novamente. Ou o que anda solta é uma onda expansiva de pessimismo?
As notícias anunciando o fim do mundo até agora tem sido prematuras. Mas se os pessimistas se equivocaram, tanto como os otimistas, talvez se deva ao fato de que pessimismo e otimismo são palavras irmãs, nascidas do ardor de uma mesma polêmica. Em 1759, Voltaire publicou o que hoje consideramos sua melhor obra: Cândido. Um conto filosófico, divertido e feroz, no qual satirizava a doutrina do otimismo, sustentada alguns anos antes por Leibniz.
Cândido, um jovem tão ingênuo como seu nome o indica, cresce e se educa em uma pequena corte alemã. Seu preceptor é o filósofo Pangloss que ensina a Cândido que tudo vai bem no mundo. Conforme Pangloss, os desastres e as injustiças do mundo são apenas aspectos de um ótimo equilíbrio com as graças e as virtudes. Quando Cândido pergunta se por acaso a sífilis - que Pangloss havia adquirido em uma cena desopilante - também tem uma contrapartida benéfica, Pangloss responde que, sem dúvida, é assim. Segundo ele, Colombo levou a sífilis para a Europa desde a América, junto com outras coisas benéficas como o cacau. Se queremos o cacau devemos aceitar a sífilis. Em outras palavras, Pangloss nos diz que quem repudia a sífilis ficará sem chocolate.
Cândido teve o destino usual dos demais escritos de Voltaire: sua sátira jocosa do otimismo provocou uma acesa polêmica em toda a Europa. Seus críticos, especialmente os jesuítas, o chamaram "pessimista" por se opor ao mundo ótimo preconizado por Leibniz. Assim, a palavra "pessimismo" nasceu como uma réplica exagerada a uma sátira, também exagerada, do otimismo. Não há vencedores nem vencidos, até hoje, nessa polêmica. As palavras são como os seres vivos - e como tais, evoluem. Os vocábulos "otimismo" e "pessimismo" evoluíram para significar, usualmente, diversas atitudes psicológicas - positivas ou negativas - perante o futuro. A realidade é sempre uma mescla de boas e más noticias, ainda que os meios de comunicação ressaltem muito as más noticias. Afortunadamente, não vivemos em um mundo péssimo e nem em um ótimo. Esses extremos ficam para o futuro, residência favorita das Utopias e do Apocalipse. No presente, podemos saborear um chocolate sem aceitar que, por isso, seja boa a sífilis. O Brasil vai bem e vai mal.

A fábula da formiga e do gafanhoto. A falência de uma empresa ou governo.

As fábulas servem para exemplificar, através de histórias fantasiosas, algumas verdades bastante profundas. Pois bem, era uma vez uma formiga eficiente e eficaz. Tinha tanta força e motivação que quase carregava a empresa nas costas. Muito devido a seu desempenho, o negócio expandiu. Mas o dono da empresa, o gafanhoto, sentia-se incomodado com o fato da formiga trabalhar quase livremente, sem supervisão. Inveja e ciúmes. Também não gostava de sentir-se "formigodependente". Aprendera em Harvard que o trabalho deveria sempre ser feito em equipe. Daí contratou uma barata, formada em Oxford, para criar um plano de gestão de longo prazo, contratar nova equipe e colocar a formiga nos eixos.
O gafanhoto chamou uma mosca para atuar como "controller". A pulga foi também contratada, iria cuidar da qualidade emocional da empresa (ou governo). A lesma passou a cuidar do programa de eficiência total. A abelha ficou encarregada da gestão de sinergias. A cigarra com o RH. A borboleta dedicou-se a um ambicioso projeto de decoração de espaços, baseado no feng shui. A empresa até ganhou um importante premio atribuído por uma entidade. Só a formiga não estava feliz. Passava a vida fazendo relatórios e participando de reuniões. Sem tempo para trabalhar duro de sol a sol como sempre fizera.
Por algum motivo não explicado pelos gênios que passaram a trabalhar na empresa, ela que era antes muito lucrativa, começara a perder dinheiro. O gafanhoto contratou uma coruja, a mais famosa consultora da mata. A folha de pagamentos estava muito pesada. Havia funcionários em excesso e cada um deles, trabalhando muito pouco. O gafanhoto não teve dúvidas, mandou a formiga embora que há tempos demonstrava insatisfação. Em menos de um ano a empresa faliu. Mas o gafanhoto nunca entendeu o motivo da derrocada.
O burro nunca aprende, ainda que seja um burro-gafanhoto. O inteligente aprende com sua própria experiência. O sábio aprende com a experiência dos outros.

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