Em Pauta

Imunidade, o extraordinário elo que une todas as doenças

Mário Sérgio Lorenzetto | 27/12/2020 09:34
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
O câncer é uma das principais causas de morte no mundo. Mas esta não é uma história sobre o câncer. Também não é sobre doenças cardíacas ou respiratórias, acidentes, derrames, Alzheimer, gripe e pneumonia, doença renal, AVC, diabetes ou HIV. Essas são coisas que nos adoecem e nos matam. Esta não é a história de uma enfermidade ou lesão em particular. É a história de todas elas. A história do extraordinário elo que as une, o aglutinador que define o todo da saúde e do bem-estar do ser humano. Esta é a história do sistema imunológico.


Do arranhão ao vírus.

Essa história tem meros 70 anos. Quando um arranhão ou um corte perfuram o escudo da nossa pele, o sistema imunológico entra em ação. Suas células correm para limpar feridas, reconstruir tecidos, reparar danos internos acusados por um inchaço ou uma contusão e para tratar queimaduras e mordidas. É esse sistema que ataca cada vírus que chega ao nosso corpo diariamente. Examina as ameaças que podem se tornar tumores malignos. Enfrenta centenas de milhões de casos de intoxicação alimentar a cada ano.


O guarda-costas que define a nossa saúde.

Essa vigilância é constante e, majoritariamente, invisível para nós, com o sistema imunológico sendo um verdadeiro guarda-costas que define a saúde de cada um. Esse sistema é descrito usando uma linguagem bélica. É ele que opõe nossas forças armadas internas a todo tipo de doenças. É ele que exerce a função de vigilância e espionagem, efetua ataques com precisão cirúrgica e ofensivas nucleares.


Os agentes secretos tem pílulas suicidas.

Também é formado por agentes secretos equipados com pílulas suicidas. Esse fabuloso sistema também é interligado por uma das redes de telecomunicação mais complexas e velozes do mundo. Além de tudo isso, ele vagueia livremente pelo corpo inteiro, movendo-se pelos sistemas de cada órgão.


Consegue diferenciar um bilhão de diferentes perigos.

Tal qual a polícia em tempos de lei marcial, o sistema imunológico procura ameaças e as impede de causar danos fatais. Cumpre essa missão diferenciando de maneira hábil até um bilhão de diferentes perigos estranhos ao nosso corpo, mesmo aqueles não descobertos pela ciência.


A vida é um festival turbulento.

A tarefa do sistema imunológico é extraordinariamente complexa, visto que a vida é um festival turbulento. O corpo humano é uma vasta festa, um evento caótico e exuberante povoado por uma variedade inacreditável de células. Há bilhões delas dentro de nosso corpo. Células dos tecidos e células do sangue, proteínas, moléculas, micróbios invasores... Somos uma festa a céu aberto com uma diminuta e facilmente transponível "cerca" (a pele). Quase todo o organismo que deseje alcançar nosso interior consegue fazê-lo.


Somos um grandioso banquete.

Somos um banquete sem assento marcado para os micróbios, convivendo com todas as formas de vida existentes: pequenos ladrões e gangues, terroristas armados com maletas nucleares, primos e tios estúpidos e bêbados, agentes inimigos disfarçados de amigos. Adversários tão imprevisíveis e estranhos que parecem teletransportados de outro universo. E só temos um sistema para manter a paz: o imunológico. É ele que bota fora os "caras maus" ao mesmo tempo que procura provocar o mínimo de danos a nossas células e aos microrganismos amigos, sem os quais não vivemos.
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