Em Pauta

Governadores tentam comprar vacina chinesa

Mário Sérgio Lorenzetto | 21/10/2020 06:30
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Bolsonaro acaba de surpreender os brasileiros. Um dia após o ministro da Saúde afirmar que compraria a Coronavac, vacina chinesa que está sendo administrada pelo Butantan paulista, o presidente diz que não a comprará. Festa na roça bolsonarista, tristeza e susto para quem não vive de fanatismo.


Os bastidores da decisão de Bolsonaro. Outro general na frigideira.

As informações que chegam de Brasília garantem que o ministro da saúde não cometeu qualquer ato de indisciplina (traição, para bolsonaristas). Tudo leva a crer que consultou o Palácio da Planalto sobre a possibilidade de aquisição da vacina chinesa. Ao confirmar, o ministro não chegou a conversar com o presidente, apenas com ministros palacianos. Mas Brasília sempre foi - e será - uma imensa caixa de intrigas. Há muita gente de farda, de jaleco ou terno, desejando a queda do general Eduardo Pazuello, visando ocupar sua cadeira. Bolsonaro diz que "Pazuello quer aparecer". É provável que façam da fritura do general o grande debate, quando o correto seria a compra da vacina.


Vacinar em dezembro ou em abril, eis a questão?

Os dados atuais indicam que Dória - o playboy paulista - apostou no cavalo certo. A Coronavac está à frente das demais vacinas.  A de Oxford, preferência dos bolsonaristas, teve uma queda no meio da corrida que a obrigou parar. Se há uma vacina para termos um mínimo de receio é a inglesa. A chinesa corre para chegar com muitos corpos à frente das demais competidoras.
A promessa de Dória é que os paulistas começarão a vacinar em dezembro. Mas ele também disse que os paulistas seriam vacinados em outubro. Enquanto a vacina de Oxford está prometida para abril. São 4 ou 5 meses de diferença. É tempo demais para o fanatismo continuar dominando as ações governamentais.


A alternativa seria formar um consórcio de governadores?

Os governadores costuram a formação de um consórcio para adquirir a vacina chinesa. Legalmente, essa alternativa não só é possível como incentivada. A Lei das Licitações incentiva a formação de consórcios entre Municípios e entre Estados. Politicamente é uma ação duvidosa. Os governadores tem força, cacife e dinheiro para enfrentar Bolsonaro? Nem eles acreditam. Mas há uma certeza, os governadores não tem dinheiro para adquirir essa vacina. Também não é crível que a Secretaria do Tesouro Nacional, órgão do Ministério da Economia, flexibilize a capacidade de endividamento dos Estados para a compra da vacina chinesa. A verdade é que pressionarão Bolsonaro, mas sem capacidade de resolver o que a quase todos interessa: tomar alguma vacina segura... ontem.
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