Em Pauta

Gente enlatada: a fiscalização na indústria de alimentos

Mário Sérgio Lorenzetto | 27/04/2017 07:11
Gente enlatada: a fiscalização na indústria de alimentos

Papelão na linguiça? Se verdade fosse, não seria nada frente ao que ocorreu nos Estados Unidos no início do século passado. Instado pelos jornais que divulgavam matérias escritas por Upton Sinclair, um socialista, o governo de Theodore Roosevelt decidiu enviar o comissário do trabalho, Charles Neil e um assistente social de nome James Bronson para investigarem as denúncias. Só não encontraram gente inteira misturada com alimentos, como Sinclair havia denunciado.

Dizia que as pessoas que caiam nos tachos que ferviam os alimentos lá ficavam e passavam a compor essas carnes que seriam enlatadas. Mas os fiscais de Roosevelt encontraram as demais denúncias de Sinclair, inclusive dedos que, acidentalmente, eram serrados no processo de industrialização de carnes. Havia de tudo. Presunto podre reutilizado após cortes finos, método provavelmente ainda utilizado por um comerciante de Campo Grande para queijos vencidos. Linguiça branca e mofada. Enfim, quase tudo que Sinclair havia denunciado era verdadeiro.

Ao contrário dos brasileiros, que falam muito e pouco agem, o governo norte-americano tomou drásticas medidas que revolucionariam a fiscalização nas fábricas de alimentos de todo mundo. Criou um dos mais inflexíveis órgãos públicos - o FDA (Food and Drug Administration). Era o início de uma nova era. As fábricas de alimentos nos EUA foram verdadeiramente transformadas e quem quisesse exportar alimentos para os Estados Unidos teria de enfrentar os durões da FDA. Nada como um país onde fiscais fiscalizam, algo estranho em terras brasileiras.

Cheirando o pó. O renascimento do rapé

Depois de décadas no ostracismo, o rapé voltou à moda. Artistas, hipsters e ativistas da causa indígena são os novos usuários. Seu consumo é visto como um "ato de resistência à indústria tabagista", uma maneira de parar de encher os bolsos dos donos das fábricas de cigarros. Outros, entendem que é a volta ao passado indígena. Como não há fogo, seu uso é livre em qualquer ambiente.

O rapé é soprado e não aspirado como muitos imaginam. Colocam um canudo de bambu em forma de "V", chamado "kuripe", uma espécie de estilingue sem elástico, em uma narina e a outra ponta colocam na boca, para assoprar o produto. A cheirada do rapé também pode ser feita entre duas pessoas, com um "tepí", um canudo comprido usado pelos índios.

O rapé é uma mistura de tabaco picado com cinzas de cascas de árvores, ervas e sementes. Têm a aparência de pimenta do reino moída. A primeira sensação de cheirar rapé é uma forte ardência . Em geral, os olhos lacrimejam, e o corpo fica mole. Outro efeito comum é o acesso de espirros. O nariz começa a expelir o pó marrom. Dizem que se trata de um "ritual de limpeza". Tenho a impressão de uma tortura pelo nariz.

Greve geral, mas pode chamar de feriadão

Todas as centrais sindicais se uniram para conclamar a greve geral de sexta-feira. Afirmam que lutam contra a reforma trabalhista e previdenciária. As lideranças prometem paralisar o país por 24 horas. A aposta maior dos sindicalistas está na paralisação de todos os transportes do país, inclusive do aéreo nas vésperas do feriado de 1 de maio. Será um longo feriadão, nem mesmo ao mais crédulo dos brasileiros acredita na força dos sindicatos. Aproveitam-se da eterna vontade de todos de desfrutar de mais dias nos feriados. Impactarão apenas a economia com mais um dia de feriado. Este deve ser o abril com mais feriados de nossa história. Só esqueceram de chamar as escolas de samba para que abril virasse um novo fevereiro.

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