Em Pauta

Espirrar continua sendo um mistério científico

Mário Sérgio Lorenzetto | 26/03/2019 07:00
Espirrar continua sendo um mistério científico

Pode parecer muito estranho, mas há pessoas que espirram quando estão excitadas. Outra, espirram ao atingir o orgasmo. E há aqueles que espirram quando estão com o estômago cheio. O espirro, por incrível que pareça, continua sendo um mistério científico.

Cachorros, gatos e lagartos espirram.

Ainda que em aparência os humanos e os lagartos nada tenham em comum, há um ponto de semelhança: ambos espirram. Tal como cães e gatos. Mas só os humanos têm um complexo ritual para espirrar. Não só acompanhamos um espirro com sonoras onomatopeias, diferentes segundo o idioma e ausente em pessoas surdas, como também respondemos a um espirro com uma cortesia, via de regra de caráter religioso. Desde o "Deus te crie", passando pelo "God bless you" ao simples "Jesús", dos espanhóis.

A história cultural do espirro.

O espirro têm uma longa história cultural, desde o tempo que lhe atribuíam significados místicos, como, por exemplo, "boa sorte" até os dias atuais que é descrito como sendo "um reflexo violento de expulsão de ar, que emprega um grande número de músculos, devido a estimulação da mucosa nasal por agentes químicos". Em suma, se aspirarmos pólen, por exemplo, espirramos para eliminá-lo.

Como a ciência descreve o espirro.

Algo irrita o nariz. Essa mensagem de irritação, iniciada por histamina, é recebida pelas terminações do nervo trigêmeo, que fica na face, ao lado da orelha. Do trigêmeo, a mensagem de irritação, é transmitida ao bulbo raquídeo, que seria o centro de controle do espirro, situado entre o cérebro e a medula espinhal. Desde esse bulbo, sai uma mensagem para a face, garganta e o peito, para espirrar.
O resultado é uma nuvem de milhares de gotinhas durante 150 milesegundos. As frações mais grossas do espirro caem a um ou dois metros de distância, mas as partículas menores podem viajar até oito metros de distância. E são as pequenas as mais importantes. Tanto as grandes como as pequenas comumente levam vírus, todavia, se bem enxergamos as grandes, nem ideia fazemos das pequenas, dai sua importância. É recomendável deter o espirro com um pano ou com o antebraço, nunca com as mãos, para não transportar micróbios.

Há muitas dúvidas sobre a suposta função do espirro de expulsar agentes irritantes.

De fato, há muitos cientistas que põem em dúvida a tão descantada função de expulsar agentes irritantes. Tudo começou em 2012. O professor emérito e neurocientista da Universidade de Sidney, na Austrália, William Burke, decidiu colocar à prova o que todos davam como comprovado sem prova alguma. A pergunta que ele fez foi: "O espirro é capaz de expulsar sua causa
fora do nariz?" Surpreendendo a todo mundo científico, Burke tinha razão, a pressão gerada no nariz não cumpria a expulsão imaginada. E como explicar aqueles que espirram com uma mera excitação?
O espirro já não é um enigma místico, mas ainda tem muitos mistérios científicos.

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