Em Pauta

Encarecimento da CNH: Mais motoristas sem carteira

Mário Sérgio Lorenzetto | 17/03/2018 09:30
Encarecimento da CNH: Mais motoristas sem carteira

Milhões de brasileiros dirigem pelas ruas sem CNH. No último levantamento, o Brasil contava 61 milhões de veículos trafegando e tão somente 45 milhões de condutores. É de arrepiar os cabelos, temos algo como 16 milhões de pessoas dirigindo sem conhecer as leis de trânsito. Talvez, sem saber dirigir.

Se há preocupação por mais segurança nas ruas e estradas brasileiras, a autoridade maior do trânsito nacional - CONTRAN - teria a obrigação de "conduzir" esses motoristas sem carteira para os cursos e provas necessárias. Não como duvidar ou tergiversar, não existe nada mais preocupante que esses 16 milhões de sem-carteira. Eles devem ser os alvos preferenciais das ações das autoridades e não os com-carteira. Mas quem quer ficar no sol e chuva nas ruas para pegar os sem-carteira? Muito mais fácil é arrecadar alguns bilhões em cima dos com-carteira.

Todavia, os nove membros de ministérios e o representante da ANTT, decidem, em uma canetada, piorar ainda mais o perigo a que estamos submetidos. Despesas estimadas em mais de um mil reais e muitas horas de aprendizagem para quem têm CNH, diz a nova resolução, ao invés de melhorar, têm tudo para piorar o caos.

Os dirigentes máximos do trânsito brasileiro não se cansam de tomar medidas incorretas. Inventaram a maleta de pronto-socorro, como se as pessoas tivessem condições de usá-las. Revogaram a sandice. Não se contentaram e inventaram a troca do botijão de pó contra incêndio. Comprovaram a ineficiência desse aparato. Revogaram a segunda sandice. Talvez seja hora de esses membros de ministérios passarem por rigorosos e caros exames para ocupar cargos de tamanha importância e envergadura. Estão brincando de pega-pega no Contran. Lançam uma exigência e se pegar, rirão de nossa tolice em aceitar mansa e pacificamente suas resoluções. Quem disse que não pode piorar?

Os cinquentões de Copacabana e a Previdência.

O New York Times escreveu, recentemente, que é por causa da Previdência, que quem passear às 11 horas da manhã em um dia da semana pela bela calçada portuguesa da magnífica Copacabana vê centenas de cabeças grisalhas a caminhar, correr, praticar esportes, apanhar banho de sol ou mergulhar. Também afirma que são esses saudáveis, mas improdutivos cinquentões, e os seus privilégios, que o governo quis combater ao longo de seus dois anos de gestão.

É verdade, Copacabana é o oásis da improdutividade. O sonho de todo aposentado-abastado, funcionário público que pendura a chuteira aos 52 anos (idade média de aposentadoria para as mulheres) ou aos 55 anos (idade média para os homens). Também não resta dúvida alguma que mais cedo ou tarde nos depararemos com uma profunda reforma da Previdência. 10 de 10 economistas garantem que o país não viverá sem essa mudança. Também garantem que será drástica. Tudo bem, é tudo verdade. Mas, ao longo de toda nossa história, candidato algum veio a público debater a quase falência do sistema previdenciário brasileiro e nos dizer o que pretendia fazer quando ocupasse a cadeira de Presidente da República. Todos, sem exceção, nos mentiram.

A corrida eleitoral de outubro já teve início. E tudo continua como antes. Todos, irmanados em uma grande mentira. O único debate que existe é se um candidato tem ficha limpa ou suja. Ou melhor, todos, sem exceção são fichas sujas. O debate hegemônico é sobre o tamanho da imundície.

E ninguém fala sobre a previdência. Nada. Nem uma só palavra. Eles são incapazes de pensar que é possível construir um mix previdenciário? Retirar um naco das benesses para os empresários bilionários e outro do funcionalismo? Há muitas alternativas a serem construídas em um debate eleitoral. Basta parar de mentir.

Musk leva o público ao delírio. Fala sobre Marte.

Na entrada um cartaz chama a atençaõ: "Bem vindos ao South by Southwest. Desfrutem de vossa estadia em Austin [Texas]. Por favor, não se mudem para cá." Austin está lotada, dizem seus administradores. É uma das cidades mais procuradas por todo norte americano, faz parte do Top 5 das melhores cidades para viver. Não se equivoquem, Austin é do Texas, mas não é de vaqueiros. Muito pelo contrário, é uma das cidades mais liberais e artísticas do mundo. E é lá que ocorre, anualmente, um dos maiores e mais importantes festivais do mundo - South by Southwest. Tem dentro centenas de mini-festivais... e conferências... e cinema... e música... e tecnologia. Há festas todas as dez noites. É gigantesco.

Há surpresas estonteantes. No painel da série "Westworld" da HBO, os criadores levaram ao palco nada menos que Elon Musk, da Tesla e Space X. Ele falou sobre a colonização de Marte, que é o grande projeto de sua vida. E talvez da de todos nós. "Está na altura de irmos em frente e expandirmos o alcance e a escala da consciência humana", disse, perante uma imensa audiência em delírio.

A reação do público foi tão estonteante que levou o South by Southwest a convencer Elon Musk a encher um pavilhão de concertos no dia seguinte para uma sessão improvisada de perguntas e respostas. As manchetes do jornais dos EUA abriram com "Ouvi-lo falar é quase tocar no futuro", outro traz "Ele constrói o tecido de que é feito o futuro". Na história da humanidade raras pessoas tiveram uma visão tão forte e determinada que mexeram na agulha da bússola do homem e mudaram o curso para sempre. Elon Musk é uma dessas pessoas.

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