Em Pauta

Descascar mais, desembalar menos

Mário Sérgio Lorenzetto | 04/12/2016 08:21
Descascar mais, desembalar menos

A delegação governamental brasileira esteve na China para a conferência da OMS (Organização Mundial da Saúde). Algo inacreditável ocorreu. Sairam de Xangai aplaudidos e suas ideias estão sendo divulgadas no mundo todo. Viramos referência mundial em alimentação. Pelo menos nas ideias.

A alimentação deve ser baseada em comida de verdade e não em ultraprocessadas. Para garantir uma alimentação saudável, o novo desafio é ensinar as pessoas, em especial crianças e jovens, a cozinharem. As pessoas desaprenderam a arte de cozinhar o básico. Perderam as habilidades culinárias. A ideia a ser divulgada é "descascar mais, desembalar menos".

O guia de alimentação dos brasileiros preconiza algum totalmente distinto do resto do mundo. Dezenas de países publicam suas pirâmides alimentares em que assinalam a quantidade ideal de cada tipo de alimento que deve ser consumido diariamente. O novo guia alimentar proposto pelos brasileiros não fala em quantidade de carboidratos, proteínas, gorduras e sais minerais ou de verduras, carnes, ovos, pescados...

A distinção que devemos passar a usar é a entre comida industrializada ou não industrializada. O governo declara guerra à comida industrializada em um país onde o número de diabéticos supera 14 milhões e o número de obesos aumenta em 2 milhões a cada ano.

As novas categorias de alimentos para uma alimentação saudável.

1. Alimentos sem industrialização ou minimamente processados: devem ser a base da alimentação. São as carnes, peixes, verduras, frutas, leite, arroz e outros cereais, legumes e raízes.

2. Ingredientes culinários industrializados: devem limitar a quantidade, mas não a frequência de seu consumo já que ajudam a cozinhar os alimentos. A lista é composta prioritariamente por azeites, vinagres, sal e açúcar.

3. Alimentos fabricados: nessa categoria é feita uma distinção entre dois grupos.

3.1 Alimentos que devem servir como complemento dos que estão no primeiro grupo e devem ser pouco usados: pão, queijo, carnes enlatadas e macarrão.

3.2 O guia propõe sempre evitar os alimentos ultraprocessados. São aqueles preparados para comer e para durar muito tempo e que foram tratados com numerosos aditivos. Em realidade pode ser qualquer tipo de alimento, mas os melhores exemplos são: refrescos, enlatados, embutidos, pães e batatas fritas industrializadas.

Consumidor está animado, porém comedido.

O endividamento da família brasileira caiu pelo oitavo mês seguido. Chegou a 42%. Há um ano era 46%. Para aumentar vertiginosamente o consumo há necessidade de diminuir o custo do dinheiro, o denominado crédito bancário está caro. É esse endividamento menor a causa da melhora na performance das promoções do Black Friday, ainda que pese a manutenção de sua falta de crédito popular. Continuamos a pensar em Black Fraude.

Apesar de tudo, 70% dos consumidores pensavam em comprar alguma coisa. É um número animador, mas o consumidor está comedido. Pensa em gastar algo como R$ 1.000, mas esse valor é para quatro presentes. Esse será o compasso natalino de 2016. Alguma festa, algum gasto com presentes, mas só com o dinheiro que tem no bolso. Sem massacre do cartão de crédito.

Nos siga no