Em Pauta

Depois de 21 anos de ditadura, há 30 anos o Brasil elegia o primeiro presidente

Mário Sérgio Lorenzetto | 21/07/2015 08:00
Depois de 21 anos de ditadura, há 30 anos o Brasil elegia o primeiro presidente

O grande conciliador brasileiro. O mito de Tancredo Neves.

Há 30 anos o Brasil elegia o primeiro presidente civil, depois de 21 anos de ditadura. Mesmo privado do voto, o povo participou ativamente da campanha, alçando Tancredo Neves à condição de redentor do país. Um dia antes de tomar posse ele foi hospitalizado. Durante um mês foi submetido a várias cirurgias. Porém, no dia 21 de abril veio a falecer. O Brasil perplexo assiste à posse de José Sarney. O que era vidro se quebrou estilhaçado pela roda da história. Mas há muito de mitológico em sua história.

Tancredo conseguiu a façanha de se tornar uma quase unanimidade no país e um mito se criou.

A história avalia, contextuaria e julga aqueles que a fizeram. Por que sua memória desperta veneração? Por que raríssimas vezes, pensadores escreveram contestando-o? Quando era deputado federal, por conta de uma defesa que fez de Getúlio Vargas na Câmara, Tancredo começa ter encontros frequentes com o presidente Vargas, e em 1953 é nomeado para o Ministério da Justiça. Acaba se destacando e fica encarregado da articulação política. Tancredo tem uma participação fundamental nos acontecimentos que levaram Getúlio Vargas ao suicídio.

Fiel ao presidente, foi o único dos ministros que defendeu que o governo resistisse e pusesse os tanques na rua contra o movimento que buscava derrubar Vargas. Essa história de fracasso como conciliador e mais, de beligerância ardorosa, praticamente desapareceu, como que por encanto, dos livros e jornais. Poucos a contam. Conciliador? Nem sempre.

Um sul-mato-grossense é enganado por Tancredo.

O Brasil vivia mais um impasse. Tal como nos dias de hoje, o país estava à beira de uma explosão. Jânio Quadros havia governado o país por apenas 8 meses e renunciara ao poder. Quem o substituiria seria o "esquerdista" vice- presidente Jango Goulart. Todavia, as forças armadas e parcela expressiva da sociedade não admitiam o direito de Jango de assumir a presidência. Brizola, governador do Rio Grande do Sul, inicia um movimento em defesa da Constituição e pela investidura de Jango na presidência. O Exército gaúcho adere ao movimento, contrário ao exército de outras regiões.

Surge, tal como agora, a proposta de implantar o parlamentarismo como solução para pacificar o país. Tancredo Neves é escolhido para encontrar com Jango no Uruguai para convencê-lo a aceitar o parlamentarismo. Todavia, o PTB exigiu que junto com Tancredo viajasse o deputado sul-mato-grossense Wilson Fadul (ex-prefeito de Campo Grande). Fadul portava uma carta em que o PTB se declarava terminantemente contra essa saída para a crise política. Tancredo Neves, através de uma artimanha, adianta o voo para que Fadul não conseguisse embarcar e segue sozinho.

Brizola queria prender Tancredo para que ele não conversasse com Jango. O avião que desceria em Porto Alegre (aterrissagem e prisão imediata) segue para o Uruguai devido a ordem de Tancredo que desconfiava de Brizola. Como chegar ao poder: pela via pacífica ou com as botas manchadas de sangue? Esse o argumento final de Tancredo para convencer Jango Goulart a aceitar o parlamentarismo e se tornar uma figura politicamente frágil. Tancredo era antes de tudo um excelente argumentador e desconfiado de tudo e de todos soube chegar ao mais alto posto de comando brasileiro. Conciliador?

Mais tempo na cozinha.

Há um crescente interesse dos brasileiros pela culinária. Programas de televisão, os livros e os sites de culinária passaram a ser sinônimos de boas receitas. Receitas financeiras. Até há pouco havia a ideia de que existiria uma relação entre países mais ricos e menos tempo na cozinha. Uma recente pesquisa realizada pela empresa alemã GfK mostrou que essa relação não existe. Os países que dedicam mais horas semanais à culinária são a Índia (13 horas), a Ucrânia (13 horas) e a Itália (7 horas). O Brasil toma parte de um bloco intermediário de horas semanais na cozinha com os EUA, China, França e México. Todos com 5 horas de cozinha por semana. Quem, definitivamente, não gosta de cozinha são os coreanos - apenas 3 horas semanais.

O que leva uma empresa de Corumbá doar R$700.000 a Eduardo Cunha?

A relação de doadores de campanha de Eduardo Cunha, presidente da Câmara de Deputados Federais e proprietário da pauta política brasileira, é clara: foram arrecadados R$ 6.832.480, contribuições de uma dezena de empresas nacionais. A gigante Ambev doou R$ 1 milhão. O que desperta no mínimo curiosidade é de uma empresa de médio porte, situada em Corumbá, ocupar a quarta posição na lista de doadores: a Mineração Corumbaense Reunida, destinou de seus cofres R$ 700.000 para a campanha do polêmico presidente. Estranho.

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