Em Pauta

Corrupção na mais importante universidade do mundo

Mário Sérgio Lorenzetto | 18/09/2016 09:49
Corrupção na mais importante universidade do mundo

A Associação do Açúcar, uma agremiação de empresas açucareiras norte-americanas, foi a responsável pela corrupção em favor de seu produto. Contrataram três acadêmicos da Universidade de Harvard que trabalhavam com nutrição para que elaborassem trabalhos "científicos" visando descartar os dados que "incriminavam" o açúcar como um dos mais importantes causadores de enfermidades cardíacas.
Segundo os documentos da época - 1966 - a Associação do Açúcar pagou US$ 6.500 (algo como US$ 48.900 atuais) a dois cientistas pelo seu "trabalho". Uma carta entre o diretor da Associação e o cientista Mark Hegsted, datada de outubro de 1966, revela o completo controle exercido sob o estudo falsificado.
O escândalo está em todos os principais jornais do mundo. Em um comunicado, a Associação do Açúcar diz nada sobre coisa alguma, se esquiva da denúncia, mas reconhece a "falta de transparência" em suas investigações, mas assegura que "é difícil referir-se a eventos que talvez tenham ocorrido há 60 anos". É um escândalo similar ao da indústria tabagista que comprou, durante décadas, "publicações de caráter científico" para que os cigarros não fossem condenados.
Hoje, a Associação Norte Americana do Coração recomenda que os homens não consumam mais de 9 colheres de açúcar ao dia. E as mulheres, tão somente 6 colheres. Em média, um adulto nos EUA consome algo como 22 colheres de açúcar diariamente.
Já não fazem cientistas como antigamente? Não é bem assim. Atualmente, os únicos estudos credibilizados tem de, obrigatoriamente, trazer a fonte de financiamento. O público em geral, e especificamente as autoridades responsáveis pela saúde humana deveriam ignorar todas as pesquisas financiadas por qualquer indústria que leve vantagem em algum assunto.

A morte de Karimov, ditador do Uzbequistão, pode trazer uma enorme onda de radicalismo islâmico.

Engana-se quem pense que o radicalismo islâmico reside apenas na Síria, Iraque e Irã. Muitos podem recordar da onda de extremismo, debelada por uma matança cometida pelo exército chinês, no norte da China. Ao contrário do que imaginam, todo o norte chinês é, majoritariamente, muçulmano. Até no Tibet, a capital mundial do budismo, há um enorme bairro de população islâmica.
Uma parte da China, outra da Rússia, além do Kirguistão e Tadjiquistão, o Uzbequistão é o centro da Ásia Central. Toda essa região é muçulmana e instável. O Uzbequistão com sua famosa capital, Samarcanda, é a nova Rota da Seda. É o centro que une a China com a Europa nas trocas comerciais. Também é um grande produtor de petróleo, gás e ouro. Um país rico e pouco conhecido dos brasileiros. Talvez recordem-se desse país pois alguns jogadores brasileiros - Zico, Rivaldo e Roberto Carlos - jogaram e treinaram por lá. O Uzbequistão também é importante por suas compras de produtos europeus. Quase tudo é levado da Europa para esse centro da Ásia.
Desde 1989, dois anos antes de sua independência, a ex-República Soviética do Uzbequistão, teve um único líder: Islam Karimov. Depois de sofrer um derrame cerebral, o governo uzbeque confirmou sua morte. A importância e influencia do país mais povoado da Ásia Central pode passar desapercebida para muitos. Todavia, o fim da era Karimov tem o potencial de gerar ondas de impacto em uma das regiões mais instáveis do mundo. E pode estabelecer condições para o avanço do radicalismo islâmico. Era o sangrento regime despótico de Karimov que segurava, a ferro e fogo, o avanço do fundamentalismo islâmico nessa região onde as fronteiras não são bem delimitadas e mais porosas que as nossas com o Paraguai e Bolívia. Pode parecer estranha a preocupação com a morte de um ditador sanguinário, mas não há uma perspectiva democrática para o Uzbequistão. Discute-se apenas se seu sucessor insuflará a maioria de muçulmanos contra o Ocidente ou será seu aliado. Em suma: a morte de Karimov poderá levar os países e regiões da Ásia Central ao terremoto do radicalismo.

Papo no táxi: "Fiz mais de 50 corridas e só transportei um negro".

O racismo continua. O Brasil tem 53% de negro e pardos. Mas conta apenas com 17% de médicos com essa cor da pele. Diplomatas? Temos quase 6% de negros e pardos. No comando de das maiores empresas brasileiras são 5%.
No anoitecer do século XIX, em 1888, o Brasil foi a última nação a declarar a abolição da escravatura. Essa má imagem histórica será carregada para sempre? Os velhos problemas sociais persistem. É claro que uma atividade comezinha como andar de táxi, ou Uber, também reflete a barreira que não é só social. É, principalmente, econômica.

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