Em Pauta

Conservadorismo: sai Churchill, Roosevelt e o Papa

Mário Sérgio Lorenzetto | 11/05/2019 07:35
Conservadorismo: sai Churchill, Roosevelt e o Papa

O objetivo da revolução conservadora que nasceu nos anos 80 era substituir Winston Churchill, Franklin Delano Roosevelt e João XXIII como ícones do século XX. Entravam em cena Tatcher, Reagan e João Paulo II.
Roosevelt tinha sido o vencedor da Grande Depressão com uma política de regulação da economia e de proteção social para os que caíam pelas estradas dos Estados Unidos, moídos pelo sofrimento. Churchill representava os valores dos aliados que triunfaram na Segunda Guerra. João XXIII havia começado o "aggiornamento" da igreja católica e posto em funcionamento esse oximoro (conceitos contrários, como, por exemplo "lúcida loucura") denominado "cristianismo de rosto humano".

Entram em campo Tatcher, Reagan e João Paulo II.

A revolução conservadora que lideraram Tatcher e Reagan tinham duas fases ideológicas: a primeira era acabar com o Estado de Bem Estar, nascido do medo do poder de atração do comunismo, era uma espécie de revolução passiva dentro do capitalismo. A segunda fase era liquidar os conteúdos educativos e culturais da revolução parisiense de Maio de 68. Era, pois, uma ação dupla composta por interesses econômicos liberais e valores políticos conservadores. Serão retomados e atualizados duas décadas depois com George Bush, Rumsfeld e Cheney.

Parem a inflação.

A mudança no campo conservador não aconteceu por vontade de um guru qualquer. Ocorreu por necessidade. Tinham de enfrentar um fenômeno que era novo - a inflação - decorrente da economia estagnada, acompanhada por preços elevados dos produtos. Esse fenômeno era decorrente, em boa parte, pelas crises do petróleo dos anos setenta.

O remédio para a América Latina era os Chicago Boys.

"O Estado é o problema, o mercado a solução". Esses os postulados dos Chicago Boys e de seu apóstolo, Milton Friedman.
Se a economia é uma ciência social, seus postulados tem de ser provados. O campo de provas escolhido foi o Chile de Pinochet. É de lá que saem a quase totalidade de seus membros. Um estranho casamento entre modelos autoritários e ultraliberalismo. Unir touro com mula não nasce nada. Ou melhor, nasce ou aprofunda a recessão devido a seus duros ajustes. Essas ideias foram relegadas ao esquecimento. Retomam com força no maior país da América Latina.

Os filhos do MIT.

Adiós Chicago Boys, Olá filhos do MIT.
Se não sabem do que falo, a expressão "Chicago Boys", corrente de pensamento econômica a que pertence o Ministro da Fazenda do Brasil, era usada para referenciar alguns economistas latino-americanos que estudavam na Universidade de Chicago. Eles levaram o radicalismo de livre mercado a seus países. Agora, há outra escola em alta, e merecidamente.
De fato, é surpreendente que a mídia brasileira perca tempo e espaço falando das ideias arcaicas dos Chicago Boys. E dão nenhuma atenção aos filhos do MIT. Seus nomes dominam o cenário econômico mundial. O mais chamativo é Ben Bernanke, presidente do FED (Banco Central dos EUA) de 2007 a 2014. O outro grande nome é Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu. O terceiro nome é o de Olivier Blanchard, o influente chefe do FMI. O quarto nome, dentre os de maior destaque, é o de Maurice Obstfeld, outro poderoso do FMI.
Foi essa escola que tirou o mundo da brutal recessão e desemprego iniciada em 2008. Em suma, estamos debatendo postulados dos anos setenta-oitenta. O mundo econômico é outro.

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