Em Pauta

Como descobrir um mentiroso

Mário Sérgio Lorenzetto | 24/04/2018 08:08
Como descobrir um mentiroso

Ainda que tentemos controlar, nosso corpo nos delata. Não existe um detector de mentira confiável, o nariz não cresce, mas existem pistas de que alguém está nos enganando. Os melhores policiais e os serviços de inteligência os conhecem e são treinados para descobrí-las.
Dizer a verdade é um ato cerebral muito simples. Só temos de buscar em nossa memória, recordar os detalhes do que vamos contar e fazê-lo. Não há floreios. Mentir, pelo contrário, requer uma intensíssima atividade mental, que, frequentemente, leva o mentiroso ao erro. Não é fácil mudar o relato, fazê-lo coerente e, sobretudo, crível. Ao construir uma nova versão temos que intuir qual informação têm o outro para que não nos pegue em flagrante. Enquanto mentimos vamos calibrando os sinais que emitimos: vemos se o outro está acreditando ou não, e assim, ir adequando a história. E, se não fosse pouco, ainda temos que memorizar a mentira que estamos soltando e evitar cair em contradições.

Fatores emocionais que interferem na mentira e os gestos típicos.

Na mentira intervem fatores emocionais muito potentes. De um lado ficamos muito excitados por vencer a batalha que é contar uma mentira com sucesso; de outro, vem o medo de que nos descubram e a antecipação da vergonha e da culpa se nos descobrem mentindo. A mentira é uma história sempre mais longa que a verdade. Primeira grande regra do mentiroso: encurte a história. Na demora em contar uma longa história mentirosa, reside a facilidade para cometer falhas. Para quem presta atenção, qualquer ato involuntário acaba nos delatando.
Há dois tipos de sinais que deixam a mentira em evidência: os que mostram a tensão que levamos dentro do cérebro, que são expressos por movimentos faciais como a dilatação das pupilas, piscar excessivamente e manter rosto frio de esfinge; também há os corporais, que são movimentos de pernas excessivos e brincar com um objeto.
As pessoas melhor treinadas descobrem o mentiroso em cinco segundos do início do relato. Esse é o momento mais difícil para o mentiroso, seu buraco negro. Ele ainda não sabe se você está aceitando a mentira e também não pode calibrar a mentira.
Os piores mentirosos são aqueles cujos movimentos da cabeça contradizem a mensagem verbal: negam alguma coisa com as palavras mas movimentam a cabeça em sentido de positivo. Ou o inverso. O maior delator das mentiras são as mãos, é muito raro elas não nos traírem. As mão do mentiroso não param de mexer, são levadas ao nariz, aos olhos ou cobrem a boca, ainda que parcialmente. A mentira também nos faz aumentar a temperatura corporal. Sentimos mais sede, calor, queremos desabotoar a camisa... Também suspeite dos lábios do mentiroso. Eles sempre são apertados em demasia.
Quando enganamos alguém, o corpo tende a distanciar-se. Os sinais mais claros desse distanciamento são o de cruzarmos os braços, colocarmos uma mochila, uma bolsa ou uma jaqueta no colo. Lembre-se que esses gestos típicos dos mentirosos raramente estão solitários, via de regra, você conseguirá detectar dois ou mais deles.

França inova: privatizou as multas nas estradas.

Os motoristas franceses precisam, a partir de agora, ter muito mais cuidado nas estradas para não sofrerem multas por excesso de velocidade. O governo francês começou a colocar nas estradas carros privados, totalmente descaracterizados, apetrechados com radares. Eles são geridos por empresas privadas que têm total autonomia para atuar e buscar os que desrespeitam as leis de trânsito. Eles estão equipados com vários sensores e equipamentos para captar a velocidade, conseguem gravar a placa dos carros que cometeram infrações e mandar a multa e imagem do carro para as autoridades.
É uma fabulosa máquina de fazer dinheiro. O governo francês espera saltar das atuais 2 milhões de multas lavradas para inacreditáveis 12 milhões de multas e uma nova fortuna entrando nos cofres, uma receita adicional de 2 bilhões de euros.
Mas a iniciativa governamental está enfrentando enorme resistência popular. Mais de 40 milhões de franceses - a França conta com população de 67 milhões - subscreveram uma petição contra essa fantástica máquina arrecadadora. O argumento legal é que somente as forças policiais podem multar. Preparem-se para as cópias brasileiras.

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