Em Pauta

Bem vindo ao Estado Islâmico da Alemanha

Mário Sérgio Lorenzetto | 25/11/2017 09:41
Bem vindo ao Estado Islâmico da Alemanha

A agência de propaganda Harris Media, que desempenhou um papel transcendental na última campanha nos Estados Unidos, difundiu um vídeo em que advertia que a abertura de fronteiras para refugiados estava islamizando a Alemanha. O vídeo têm por título "Bem Vindo ao Estado Islâmico da Alemanha". A agencia Harris Media cuidou das campanhas do Brexit, na Grã Bretanha, levada pelo partido ultra direitista UKIP, e de Donald Trump. Se não levou o ultra direitista AfD da Alemanha ao poder, causou um razoável estrago na centrista democracia cristã de Angela Merkel. A AfD (Alternativa para a Alemanha) obteve 12,6% dos votos. Talvez não se deva somente à agencia de propaganda os bons resultados, mas é certo que ela conseguiu disseminar massivamente os slogans de um partido nascido somente há 4 anos. Seu trabalho maior não está nas redes televisivas e sim nas redes sociais da internet. Produz vídeos com mensagens de linchamento moral. Alimentam o descontentamento, a frustração, o ódio e o medo.

Os monstros e os que matam também são gente.

É possível imaginar um protesto no inferno. Todos atrás de uma faixa: "monstros também são gente". E não lhes falta razão. É incompatível ser um infame desalmado com ser um bom filho? A resposta correta é um aterrador "não". Há pouco vimos terroristas assassinando pessoas comuns em Barcelona. O testemunho de seus vizinhos é de que eram boas pessoas. Há outro lado pouco explorado nesse dilema: o dos estudos. Acreditem, Hitler era um erudito, com uma vasta biblioteca em que figuravam "Dom Quixote", "Robinson Crusoé", "As Viagens de Gulliver" e outra centena de clássicos universais. Iósif Stálin era um leitor aficionado. Tinha uma biblioteca com mais de vinte mil livros. O totalitarismo dos muçulmanos terroristas e dos líderes sanguinários não são curáveis com leituras. Tampouco o nacionalismo exacerbado desaparece viajando. Leituras e viagens são fundamentais, mas não curam as desgraças da humanidade. Um imbecil que lê muito não reduz em um átomo sua imbecilidade. No máximo se converte em um imbecil lido. A conclusão desassossega muita gente. É possível ser uma pessoa caridosa, amável, simpática e solidária. E mesmo assim, ser um assassino. Tudo de uma vez. A vida real pode ser um bofetão de mão aberta nas ideias preconcebidas. Contra pressupostos criados em nossa mente para tranquilizar-nos. A complexidade é imprevisível. Portanto, aterradora.

A maionese é um molho comemorativo de vitória de uma guerra.

Corria a primavera de 1756. Franceses e ingleses disputavam renhidamente a posse de Minorca, a segunda maior ilha das Baleares, próxima à Espanha. Os franceses atacaram Mahón, a maior cidade dessa ilha que estava nas mãos dos ingleses. A tropa francesa era comandada pelo duque Richelieu - não confundir com o cardeal Richelieu, o malvado da ficção dos Três Mosqueteiros, que foi tio-avô do duque.
A questão é que os franceses assediaram um castelo em Mahón e saíram vitoriosos. A "mahónese" (que depois virou maionese) saiu da cabeça do cozinheiro do duque Richelieu, uma comida comemorativa para festejar seu triunfo militar. Uma comida que se tornou arquifamosa logo a seguir. Os franceses comiam macarrão alho e óleo, uma receita muito mais antiga e o cozinheiro resolveu acrescentar ovo ao óleo.
A primeira receita de maionese impressa apareceu em um livro - "Nuevo arte de cocina" - assinado por Juan de Altamiras, pseudônimo do padre-cozinheiro Raimundo Gómez.

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