Em Pauta

As sociedades governadas pelas mães

Mário Sérgio Lorenzetto | 19/06/2016 08:40
As sociedades governadas pelas mães

Quatro mães elefantes dão sombra com seus corpos a suas rechonchudas criaturas. É difícil dar de mamar metida na água até o ventre, assim elas deixam que seus "pequenos" mamem até se esbaldar antes de entrarem no rio onde passarão o dia. Elas são previdentes.

Uma velha elefanta, suas irmãs, suas filhas adultas e todos seus descendentes vivem juntos em família. A família constitui a base compartilhada no cuidado das crias e na criação dos "pequenos". Normalmente, a fêmea mais velha atua como a depositária suprema da história e do conhecimento vivo. Esta supermãe, ou matriarca, toma as decisões sobre onde irá a família, quando irão e quanto tempo permanecerão no lugar. É o ponto de confluência familiar e a principal protetora. E sua personalidade - tranquila ou nervosa, mas firme e audaz - marca a pauta para toda a família. Durante vários meses, a mãe tem a cria permanentemente a seu alcance. Na maioria das vezes, o contato entre mãe e cria é físico, ela não larga o filho.

Observemos as mães de outras espécies. Quando um macaco ouve a chamada de auxílio de uma cria, imediatamente dirigem o olhar para a mãe do macaquinho. A ação será determinada por ela. Quando um golfinho se separa de sua mãe atacado por um tubarão, não há no mundo expressão de angustia e lamento tão veemente como o dessa mãe. O mesmo se dá com as orcas. A prole acompanha a mãe por toda a vida. Ao contrário dos elefantes jovens que saem em bandos de machos, abandonando a família, as orcas macho jovens não desgrudam de sua mãe. Os machos procuram suas namoradas em outras famílias de orcas, mas rapidamente retornam à família original. Os laços materno-filiais são eternos para as orcas. Não há outro grupo de mamíferos tão ligados a suas mães como as orcas.

A unificação familiar é admirável. Há até as orcas-parteiras, com mais de 40 anos e na menopausa, que ajudam as orcas jovens na hora de levar para a superfície o recém-nascido para respirar pela primeira vez. E, para completar, são as orcas na menopausa que dão de mamar para as crias das outras. Elas produzem leite até 15 anos após a menopausa. A maternidade é uma missão na Terra maior e mais sagrada do que normalmente reconhecemos.

A insignificância dos sindicatos brasileiros.

Cerca de 200 novos sindicatos surgem a cada ano no Brasil. É incrível, mas existem mais de 15.000 sindicatos no país. O único país com mais sindicatos que o Brasil é o Japão. O país asiático tem 40.000 sindicatos. Todavia, a organização por lá é diferente, os sindicatos são de cada empresa e não de cada setor de atividade profissional.

Um absurdo de tantos sindicatos e quase não há filiados no nosso país. Dos 100 milhões de trabalhadores, tão somente 5 milhões são filiados. Mas isso pouco importa para os dirigentes sindicais. A lei brasileira estabelece uma contribuição obrigatória dos trabalhadores - sindicalizados ou não. Todos tem de pagar aos sindicatos o valor equivalente a um dia de trabalho. A soma é de R$ 3 bilhões que vão todos os anos para as contas dos sindicatos, federações e centrais sindicatos. Há ainda outro benefício nessa lei, os sindicatos não precisam se preocupar com concorrentes, pois o governo (que recolhe a contribuição sindical) reconhece apenas uma organização oficial por categoria e por local.

É a "unicidade sindical". Exatamente por tantos privilégios que eles acabam não representando os trabalhadores. Não precisam de grandes esforços para conquistar associados como em todos os demais países. A regra nos demais países, é anunciar na TV suas ações, organizar seguros suplementares em caso de acidentes e de falência da empresa, e o mais importante, representam os trabalhadores. É apenas um monopólio estabelecido pela lei. Com dinheiro certo entrando sem parar nos cofres sindicais, são tomados pela ineficiência e insignificância. Sobra a eles a função cartorial da rescisão de contrato e as disputas partidárias.

CPI do Ministério da Cultura.

O PT nada conseguiu. Os "movimentos populares", petistas, também não. A ideia de golpe, tão propalada, virou pó. A pesquisa da CNT mostrou que a população não engoliu a invencionice de golpe. Mas o Ministério da Cultura é o ultimo bastião petista. O quartel general da militância assentada (e sentada) nas redes. Amarrada por uma teia dos grupos de produtores e artistas que fortaleceram ainda mais seus argumentos protecionistas com a tentativa frustrada do governo Temer de colocar ordem na casa.

Diante da gritaria, das invasões de prédios (copiadas pelo Incra), da manifestação de produtores , dos textos dos artistas - todos abonados pelos cofres públicos - um deles foi à ultima instancia, levou ao Papa Francisco a lorota do golpe. Temer recuou.

Mas nada mudou. Os prédios continuam invadidos e os produtores e artistas continuam a propagar, no Brasil e no exterior, falsas ideias do que ocorre no país. Mas as reações estão atemorizando os "proprietários do Minc", a população está abarrotando as redes sociais de protestos contra eles e o Congresso prepara uma CPI da Lei Rouanet para desnudar as más práticas desse órgão público. Como afirmou Rosângela Bittar: "Parece ser ela (a CPI) a dobradiça que permite lacrar o cofre da caixa".

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