Em Pauta

As eleições nos EUA impactarão mais que a brasileira?

Mário Sérgio Lorenzetto | 08/09/2020 06:46
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Um furacão atingiu quase todas as democracias ocidentais após a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. Pela primeira vez uma voz isolada derrotava os partidos políticos e assumia o mais importante trono da terra que construiu a democracia moderna. O individualismo é a marca diferencial de Trump, acima de qualquer outra característica. E essa marca foi referencial para dezenas de políticos na quase totalidade dos países ocidentais. "Somos do partido do eu sozinho", os partidos foram esmagados de norte a sul do hemisfério ocidental. À partir de Trump, o Brasil, Inglaterra, Polônia, Hungria, e dezenas de outras democracias foram levadas à copiar o criador do voluntarismo militante que conduz ao poder. Não há como negar, as eleições presidenciais norte-americanas serão vitais para o futuro político do Brasil. Em caso de derrota de Trump, o bolsonarismo perderá seu referencial, viverá tão somente da velha política de sempre. O inverso é verdadeiro. Caso Trump consiga a reeleição, o bolsonarismo se verá fortalecido.


Quem elege quem? Os prefeitos e Bolsonaro.

O presidente Bolsonaro depois de afiançar a todos que não participaria das eleições municipais brasileiras, dá a entender que não será bem assim. Pelo menos no Rio de Janeiro, cidade decisiva para o futuro eleitoral de seus príncipes-herdeiros, Bolsonaro subirá no palanque. Também começou a subir no palanque paulistano. Não pode permitir que Dória continue a manobrar com dois canhões: o municipal (que vale mais que qualquer canhão estadual) e o do Estado de São Paulo. Mas a interrogação permanece para as outras capitais: Bolsonaro estará nos palanques? Afinal, os candidatos a prefeito contam algum voto para as eleições presidenciais de 2022? A resposta tende a um sonoro "não". Bolsonaro não depende de prefeitos. As exceções são apenas São Paulo e Rio de Janeiro. Todavia, estão esquecendo de Curitiba. A capital paranaense pode se tornar um tormento por ser a da República da Lava Jato. Ou melhor, a República de Moro.


Moro e Lula mostram as unhas, mas não tem garras.

Como ficam as três populosas capitais nordestinas? Salvador, Recife e Fortaleza são fontes importantes de votos petistas. Ou eram? Observem as reações à “Carta à Nação“ lançada por Lula no 7 de setembro. O silêncio foi a marca distintiva que melhor respondeu ao lançamento da candidatura (proibida) para 2022. Tal como as diminutas carreatas pró-Lava Jato (pró-Moro) no domingo. A política é feita com barulho, com estrépito. O silêncio é seu pior inimigo. A política exige a coragem tacanha e malvada das brigas de rua, e não a coragem vaga das cargas de cavalaria. A política é a arena dos vícios, não das virtudes


Biden continua à frente de Trump.

Uma série de pesquisas após as convenções democrata e republicana mostraram Joe Biden à frente do presidente Trump por algo entre sete e dez pontos percentuais. Antes das convenções e com o crescimento do movimento negro, as pesquisas mostravam uma diferença de sete a doze pontos percentuais. Os melhores analistas norte-americanos acreditam que essa pequena possível perda de Biden se deve à maior relevância da convenção de Trump. A jogada de pela primeira vez na história levar a convenção para as escadarias da Casa Branca surtiu mais efeito com os republicanos, que estão contra Trump, e foram à convenção democrata apoiar publicamente (e com dinheiro) o candidato democrata. E é com dinheiro - muito dinheiro - que se faz campanha nos EUA. Biden anunciou o levantamento de US$364 milhões em agosto, quebrando todos os recordes de arrecadação da história das eleições norte-americanas. A campanha de Trump não poderia anunciar a arrecadação e efetivamente nada disse a respeito. O principal temor da campanha de Biden é a continuidade e a escalada extremista do movimento negro. A campanha de Trump teme o dinheiro dos bilionários republicanos que passaram a apoiar Biden.

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