Em Pauta

As eleições municipais não mobilizaram as redes sociais

Mário Sérgio Lorenzetto | 18/11/2020 07:06
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Decisivas nas eleições presidenciais, as redes sociais não mobilizaram as eleições municipais. Essa, talvez, tenha sido a maior novidade da campanha. No entanto, vem despertando pouca curiosidade. Menos eventos nas ruas, raras brigas nos grupos de WhatsApp de família, inexistentes embates nos Facebook e Twiter. Os 150 milhões de brasileiros aptos a votar, estavam preparados para ir às urnas em um ano atípico. Muitos deles simplesmente não foram. A abstenção cresceu. A atenção do brasileiro não esteve voltada para a disputa.


A expectativa das redes sociais trombou com a parede.

Comícios? Nem pensar. Reuniões políticas? Só amarrado. As condições objetivas garantiam que os brasileiros debateriam as eleições municipais nas redes sociais. Mas essa expectativa trombou com a parede. Sucumbiu. A sobreposição de temas e de fatos que aconteceram, acabou roubando espaço e atenção nas redes sociais. A população continua preocupada com o coronavírus, com a vacina e, por incrível que pareça, com as eleições norte-americanas... e até com o futebol. Essas foram as pautas campeãs nas redes sociais nos meses de outubro e novembro.


Disputa acirrada entre vacina e eleições nos EUA.

Os dias que antecederam as eleições municipais brasileiras viram uma batalha acirrada entre duas pautas: vacina e eleições nos EUA. A cada hora, os medidores de temas das redes sociais davam um vencedor. Em nenhum momento, as eleições municipais brasileiras atingiram o top 5, os campeões das redes digitais. O destino do mundo era mais importante que o do município. A chegada da vacina - de qualquer nacionalidade - decidia o direito de viver.


A ausência de polarização.

O petismo e o bolsonarismo não exerceu papéis importantes nas eleições municipais. Pelo contrário, desapareceram. Com o sumiço dos extremistas, as eleições municipais não se tornaram campos de disputa ideológica. Os brasileiros se cansaram de tanto debate ideológico, inócuo para suas vidas, e foram escolher - calmamente - aqueles que apresentaram melhores resultados. "Meu cotidiano de necessidades é mais importante que discutir o besteirol extremista". Esse foi o recado dado pelos eleitores -  em alto e bom som - para os extremistas de plantão. Sem polarização, as redes sociais ficaram em paz. Eles não perceberam (e, como sempre, não estudaram), mas a última vez que os extremistas chegaram ao top 3 nas redes sociais, foi em março, quando ocorreu a grande guerra entre Bolsonaro e Governadores pelo "vá prá rua, senão é marica" e o "fique em casa".


O aumento lento e gradual da abstenção.

Uma pesquisa mostrou que houve eleições em 41 países durante a pandemia. O único país onde ocorreu aumento de eleitores votando, foi nos EUA. Mas, até por lá, o crescimento foi pelo voto pelos correios. Nos demais, a regra foi o crescimento da abstenção. Inclusive no Brasil. Mas, por aqui, o caso é diferente. O brasileiro já vinha preferindo justificar ou pagar a multa de R$3,51 do que comparecer nas seções eleitorais. Em 2008, a ausência foi de 14% dos eleitores. Em 2012, o número subiu para 16%. Em 2016, o percentual foi de quase 18%. E, agora, chegou a 25%. Não é só pandemia que explica os 25% de ausência, a descrença em políticos e no sistema político não para de crescer. Há mais de 10 anos eles não dão respostas condizentes com as necessidades populares.

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