Em Pauta

Apresentamos Satanás, seu inimigo político ou religioso

Mário Sérgio Lorenzetto | 19/09/2016 07:08
Apresentamos Satanás, seu inimigo político ou religioso

Rose sataniza Bernal. O prefeito também sataniza todo o espectro político que não comunga com sua incapacidade governativa, especialmente os Trad. E esses, recorrem à figura satânica para imolar Rose. Enfim, todos os políticos satanizam seus adversários. O mesmo fenômeno se dá nas religiões. Satanizamos os radicais muçulmanos. E eles satanizam os "infiéis" (todo mundo que não for muçulmano). Satã entrou na moda há centenas de anos. E dela não saiu mais. Mas quem é Satanás?

A criação de Satanás

Quando Satanás apareceu na arte, não tinha chifres e nem cascos. Era azul. Espantem-se, na Bíblia judia o diabo é um agente de Deus. Esse personagem foi mudado pelos cristãos, gradativamente, até torná-lo a representação da maldade suprema. Não existe nenhuma menção do diabo ou Satanás no livro do Gênesis. Foi bem mais tarde que os cristão interpretaram que a serpente era uma encarnação de Satanás. Na Bíblia um personagem misterioso é expulso do céu por rebelar-se contra Deus. A caracterização de Satanás como um anjo caído deriva dessa tradição. No livro das Revelações, é profetizada a ideia de que Satanás será enviado ao inferno. Todavia, ele não tem um status especial e sofre as mesmas torturas que os demais pecadores.

Os primeiros diabos, para os católicos, foram Pan e Bes

Os primeiros cristãos acreditavam que os deuses de outras religiões rivais eram os diabos. O grego Pan e o egípcio Bes, eram os mais atacados. Seriam os responsáveis pelas guerras, doenças e desastres da natureza.

Centenas de anos mais tarde, quando o diabo chegou à arte ocidental, as representações do diabo incorporavam os atributo físicos desses deuses de outras religiões, como a longa barba de Bes e as patas de bode de Pan. Nessa época, acreditavam que uma erva - Limonium hibericum - serviria para espantar o diabo. Época do Satanás religioso.

O diabo começa a tomar a forma atual

Por volta da década de 1260, surgiram os primeiros "retratos" de Satanás que reconheceríamos. Foi uma época de imenso sofrimento. A peste bubônica ceifou a vida de milhões de pessoas na Europa e na Ásia. Como a Igreja não conseguia proteger seus crentes dessa enfermidade, centraram as ideias nos horrores do inferno, refletindo o estado de animo do momento e recordando aos fiéis que se abstivessem de pecar.

No século XVI e XVII, Satanás é representado como um sedutor e se considerava que as mulheres eram vulneráveis a seus encantos. As imagens mostravam mulheres em confabulações sexuais com Satanás. É a tradição da mulher apresentada como sexo frágil. Ela é incapaz de resistir a seus desejos carnais.

Satanás, o moderninho

Os escritores e pensadores do XVIII e XIX reinterpretaram o diabo para que fosse ajustado a suas preocupações políticas. O mais famoso foi John Milton que descreveu um Satanás psicologicamente complexo em seu poema "Paraíso Perdido", que conta a história da queda em desgraça do diabo. O Satanás de Milton é um personagem atraente e solidário que encarna os sentimentos de rebeldia do adeptos do republicanismo.

Para muitos artistas desse período, Satanás era um rebelde nobre que travava uma batalha contra a tirania de Deus. Foi quando um diabo urbano e sofisticado entrou em cena. Passou a ser identificado com os inimigos políticos. O diabo foi usado em todas as formas de propaganda política possíveis e imagináveis. Caricaturas e sátiras foram construídas... para destruir o adversário. Satanás continua à solta. Pelo menos nas ruas de Campo Grande, onde são travadas as batalhas eleitorais satânicas.

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