De olho na TV

Os dias de jornalistas

Reinaldo Rosa | 08/04/2013 15:52

CRUZ E ESPADA - Amada por uns, odiada por outros e sonhada por milhares, a profissão de reveladores dos acontecimentos enseja muitas contradições. A busca de ‘furos’, principalmente, serve de exemplos de como não exercer a função com maiores cuidados.

ESPELHO MEU - Considerada como o quarto poder por alguns e o primeiro para outros, a função é, na realidade, um espelho da sociedade. Fatos cotidianos fazem a história; jornalistas apenas a descreve. A falta de filtragem dos dados no momento da produção da notícia é que, ao invés de ‘furos’ registram ‘barrigas’ que baixam um pouco a crista de onipotentes escrevinhadores de acontecimentos.

MODISMOS – Aberta a modismos verbais e adverbiais, parte da imprensa sempre esteve receptiva para celebrar a chegada de frases de efeito; principalmente se partir de cabeças premiadas e respeitadas da política. At level top foi literalmente traduzida para o português pelo ex bam bam bam do milagre econômico, Delfin Neto e, até hoje, colegas usam o tal “ a nível de”.

ENQUANTO ISSO – E o que dizer de moderninhos que abusam do ‘fulano enquanto profissional tal’? O ‘fulano (que é) profissional tal’ fica mais direto e sem pena de pavão desnecessária na informação. Simples assim.

VEJA BEM – Na busca incessante ‘pelo novo’ a revista Veja produziu (na mais pura acepção) a maior ‘barriga’ da imprensa –talvez mundial- com a criação de um tal de Fernando Collor. Sem comentários desnecessários, o Brasil e o mundo viram no que deu.

PENEIRA – Conseqüências de matéria mal feita sobre a Escola de Base, em São Paulo ilustram como a atividade não deve ser praticada. Jornalismo investigativo não pode ser confundido com aventura interna de Sherlock Holmes de redação.

MEIO VAZIO – ‘Professor e mestre’ maior de boa parte de jornalistas, a rede Globo serve, também, para a divulgação do cômodo ‘aonde a vaca vai, o boi vai atrás’. Bastou que um iluminado da redação da emissora escrevesse ‘risco de morte’ para boa parte assumir tal forma redacional.

MEIO CHEIO – Há de chegar o dia em que o mesmo ‘iluminado’ vai ensinar a diferença com o ‘risco de vida’ que um infeliz está correndo. Viver deixou de ser também um risco?

PERIGO CONSTANTE – Ao volante da notícia o jornalista sabe onde pisa. Imprensa não foi criada para dar boas notícias; o público alvo é receptivo a tragédias. Profissionais que resolveram enfrentar ‘a realidade dos fatos, doa a quem doer’ pagaram com a vida essa opção.

SINTO MUITO – Como é bom saber que existe o Comitê Interamericano de Imprensa; ABI e sindicatos afins e o noticiário isento. A cada morte de jornalista corresponde um protesto das entidades e a cada protesto uma ‘solução exemplar’. Como notícia de canto de página em dois centímetros de coluna que se esvairá no esquecimento e no tempo.

TRAGÉDIA ANUNCIADA – O fascínio pela profissão de formadores de opinião é tanta que, certamente vista (por alguns) pelo lado do glamour, rege a opção de universitários da área de comunicação. Milhares são formados e despejados num mercado incapaz de absorvê-los.

O QUÊ FAZER COM ESSA TAL LIBERDADE – “Posso não concordar com uma só palavra do que dizes, mas não tirarei de ti o direito de fazê-lo”. Frase –não literal- criada por alguém que gostava de colocar no papel aquilo que pensava. Atento às duas partes do que escrevia.

ABRAÇÓDROMO - Abraços a você que se preocupa em escrever a história da cidade, do estado, do país e do mundo. No ano, todos os dias são sete de abril; a opção foi nossa.

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