Cidades

Vistorias da Funai devem começar por região de Amambai

Redação | 30/07/2008 08:15

Desembarcou ontem em Campo Grande o antropólogo que irá coordenar o trabalho de delimitação de terras guarani em Mato Grosso do Sul. Rubem Tomaz de Almeida é consultor do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e responsável pela coordenação dos trabalhos na região de Amambaí, Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Laguna Caarapã, Juti e Caarapó.

O grupo, coordenado por ele, deve ficar, no máximo, 17 dias em vistorias na região e depois terá 8 meses para entregar o relatório específico do território indígenas nesses 6 municípios. Ainda não foi divulgado o cronograma do restante das ações, que vão identificar onde estão as terras indígenas e 26 municípios no total.

 

Os levantamentos iniciam nove meses após a Funai firmar um Termo de Ajustamento de Conduta com a Procuradoria Geral da República. Seis grupos de antropólogos vão executar o estudo para identificar quais áreas eram ou ainda são, tradicionalmente, ocupadas por índios da etnia guarani-kaiowá.

 

A expectativa é de que até 2010 os territórios devem ser demarcados e entregues aos índios.

\"O trabalho dos antropólogos é o começo de um longo processo\", disse o administrador da Funai em Campo Grande, Claudionor Miranda, em entrevista à Agência Brasil, lembrando que a demarcação segue um amplo caminho burocrático até ser concluída.

De acordo com ele, relatórios do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) apontam que a situação dos índios Guarani-Kaiowá está entre as mais precárias do país. As atuais reservas ocupadas pela etnia têm a maior concentração de habitantes por quilômetros quadrado.

 

"Lá, encontramos desnutrição, alcoolismo, muitos índios presos, mortes de forma violenta e até casos de suicídio", enumera o administrador regional da Funai. "O guarani-kaiowá que era nômade agora vive numa área em que só cabe a sua casa. Isto acaba atingindo a auto-estima deles."

O trabalho começa diante de articulações de ruralistas do Estado, principalmente na região sul. Na segunda-feira houve uma reunião em Naviraí e na quinta os prefeitos se reúnem em Ponta Porã, para mostrar à população os impactos negativos do processo de demarcações e definir estratégias para barras as vistorias.

 

No interior, o discurso usado pelos fazendeiros é de que a demarcação de território pode atingir 1/3 das terras do Estado, o que é contestado pela Funai.

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