Cidades

Suspeita de mentir sobre maquinário, empresa teve até avião “bloqueado”

Aline dos Santos | 26/05/2016 08:31
Operação foi realizada no dia 10 de maio pela PF. (Foto: Fernando Antunes)
Operação foi realizada no dia 10 de maio pela PF. (Foto: Fernando Antunes)

Suspeita de não ter nem maquinário para honrar contratos de locação de equipamentos, a ASE Investimentos e Participações Ltda tem avião avaliado em US$ 900 mil em seu patrimônio. Conforme consulta ao serviço de Registro Aeronáutico Brasileiro, a aeronave, prefixo PP-CMV, modelo Piper PA-31T Cheyenne, tem como proprietária a empresa, cujos donos são João Amorim e Elza Cristina Araújo dos Santos Amaral.

Na segunda fase da Operação Lama Asfáltica, realizada em 10 de maio pela PF (Polícia Federal), a aeronave entrou na lista dos bens indisponíveis. A mesma medida atingiu a a aeronave Phenom-100, prefixo PP-JJB, que desde julho do ano passado ganhou projeção por ser elo entre empresários e políticos, além de um apelido peculiar entre os usuários: “cheia de charme”.

Apontada como engrenagem em mecanismo de lavagem de dinheiro, a ASE Participações foi constituída em 2 de maio de 2013, com capital social de R$ 1 milhão. No primeiro ano, o lucro foi de R$ 20 milhões. Contudo, segundo a investigação, ela não dispunha, junto com a Proteco Construções Ltda, de maquinário suficiente para atender os contratos de locação com 22 empresas.

Conforme laudo da PF (Polícia Federal), para cumprimento da amostragem de contratos, a ASE deveria ter, no mínimo, 23 escavadeiras hidráulicas, 26 motoniveladoras e 72 caminhões basculantes. Porém, conforme documento apresentado pela defesa, as empresas ASE e Proteco teriam juntas, nos últimos 5 anos: 5 escavadeiras hidráulicas, 12 motoniveladoras e 28 caminhões basculantes.

De acordo com a investigação, a impossibilidade de cumprir os contratos indicam que eles são fictícios e formalizados para documentar transferências bancárias de propinas a empresas de João Amorim, que repassaria a servidores estaduais, possivelmente da cúpula do governo.

Laranja – A exemplo do “cheia de charme”, o segundo avião também liga os investigados. De acordo com depoimento de um piloto, que tem trechos citado no inquérito, a aeronave marca Cheyenne era utilizada pela empresa Terrasat Engenharia Agrimensura Ltda. Ele informa que o modelo é avaliado em 900 mil dólares e estaria sendo vendido pela Ase.

A Terrasat é do empresário Flávio Henrique Garcia Scrocchio, cunhado de Edson Giroto (ex-secretário estadual de Obras e ex-deputado federal). Entretanto, a suspeita é de que Flávio seja “testa de ferro” do ex-secretário. O contrato de compra e venda da Terrasat foi localizado na residência de Giroto, suspeito de ser o proprietário de fato.

A empresa firmou contratos de R$ 52 milhões com a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) entre 2013 e 2015.

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