Cidades

Só depois de denúncia, mãe consegue prontuário do HU

Redação | 09/06/2010 17:37

Somente após interferência do Ministério Público Federal, o Hospital Universitário de Campo Grande entregou o prontuário médico de Rita Steffany de Oliveira, estudante de 19 anos que hoje está sem falar e andar depois de uma cirurgia simples de retirada de pedras dos rins.

O prontuário foi repassado à Inacélia de Oliveira, mãe da jovem, após um mês de espera e muita insistência. A família esperava pelo documento, que possibilitaria o encaminhamento de Rita à rede de hospitais de reabilitação Sara Kubitschek.

O documento possui 3 volumes e 700 páginas não numeradas. Contém a prescrição médica, detalhes da cirurgia, o dia a dia da internação e até a relação de materiais comprados. As páginas referentes à procedimento cirúrgico não apresentam acusam problemas durante o ato.

No dia seguinte à cirurgia (27 de janeiro), apenas uma justificativa, que apontava risco de pneumotórax, acúmulo anormal de ar entre o pulmão e a cavidade torácica que pode causar dificuldades de respiração, mas que é facilmente contornável. Foi neste dia, durante a recuperação, que Rita começou a apresentar problemas.

Segundo a mãe, a jovem começou a ficar com as extremidades do corpo roxas e inchadas. "Fui atrás do médico na hora. Isso salvou a vida dela, já que o Hospital não permitia companhia a pacientes maiores de 18 anos. Se não fosse por isso, ela teria morrido, porque não haveria tempo de salva-la", se emociona.

Apesar de ter passado 4 meses no hospital à espera da recuperação da filha, Inacélia não sabe o problema que deixou Rita totalmente dependente. "Ninguém me falou nada. Ninguém assumiu nada. Estou até agora sem saber. Quando me ligaram para ir buscar o prontuário, deram apenas um exame de sangue e urina", lembra.

"Quando ela saiu do hospital, Perguntei o que ela teve, e os médicos só me falaram que ela precisaria de fisioterapia e fonoaudiologia", desabafa. Entre as suspeitas, está a de complicações com uma infecção generalizada.

Foi a partir daí que Inacélia decidiu procurar a Associação de Vítimas de Erros Médicos, que acionou o Ministério Público Federal. Quase 5 meses depois da cirurgia, a mãe conseguiu o documento, que segundo o MPF é um direito garantido por Lei.

Vida pela frente - Rita tinha o sonho de cursar engenharia civil. Enquanto estudava, dividia seu tempo com um estágio no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). O chefe afirma que a jovem era extremamente responsável e que já tinha novas propostas de trabalho. Atualmente 35 amigos do Incra ajudam a família voluntariamente no transporte para as sessões de fisioterapia e fonoaudiologia. Tudo é feito com a ajuda de voluntários.

O namorado a visita todos os dias e tenta acalmá-la com afagos e um beijo na testa quando ela está muito nervosa. O jovem de 21 anos ajuda Inacélia a cuidar de Rita. Linda e cercada de muito carinho, a menina sorri com o olhar. Mas nos momentos de tristeza, chora bastante. "Quando ela quer desabafar, chora muito. Sabe o que aconteceu, mas não consegue falar", explica a mãe.

Atualmente Rita se alimenta apenas por sonda, não anda, não fala e movimenta apenas a cabeça.

A irmã caçula, Kacia Julia de Oliveira Constantino, de 10 anos, pregou diversos bilhetinhos pela casa. Eles explicam que é proibido falar de coisas tristes com Rita. São permitidas apenas conversas com temas positivos, fazer brincadeiras e cercá-la de amor, sem qualquer tipo de piedade negativa ou tristeza.

"Quando falavam de hospital, a Rita ficava triste. Ela melhorou depois disso", conta a irmã, que sente falta dos passeios pelo Shopping feito quase todas as quartas-feiras com a irmã, onde comiam batata recheada e iam ao cinema.

Erro médico

Nos siga no Google Notícias