Cidades

Semelhante às 'pirâmides', Mandala já roda em grupos de Campo Grande

Iniciativa tem características de pirâmide financeira, mas quem participa diz se tratar de ajuda entre amigos

Christiane Reis | 05/01/2017 17:02
Quando consegue-se oito pessoas, um ciclo se fecha e outro já está em andamento. (Foto: Reprodução / Internet)
Quando consegue-se oito pessoas, um ciclo se fecha e outro já está em andamento. (Foto: Reprodução / Internet)

Mandala solidária, dinheiro extra, da sorte. Os nomes são sedutores e a engrenagem da iniciativa também. A pessoa deposita R$ 100 e, conforme mais gente adere, pode chegar a receber R$ 800. A nova moda nas mídias sociais agora é a Mandala, que já chegou em Campo Grande e apresenta características de pirâmide financeira.

Quem participa diz que não se trata disso. “Muita gente compara à pirâmide financeira, mas ainda não há nada oficial dizendo se é ou não, então eu participo”, disse uma fonte que pediu para não ser identificada. A mesma pessoa também diz que não sabe onde surgiu a inciativa e que os participantes a consideram uma ajuda entre amigos.

A inciativa tem quatro fases, ou níveis, chamadas de fogo, vento, terra e água. O fogo deposita R$ 100; depois, cada participante que entra também coloca R$ 100 no negócio; o vento tem a função de indicar duas pessoas; na fase terra a função é ajudar o vento a encontrar pessoas e explicar sobre o funcionamento da inciativa e, na fase água, a pessoa que administra o grupo recebe o montante e sai, dando sequência a uma nova rodada.

São quatro fases, quando o participantes chega à ultima ele deixa o grupo. (Foto: Reprodução / Internet)

“Tem mandalas que giram em 24 horas, outras demoram uma semana. Depende muito da rede de relacionamento de cada um. O dinheiro vai caindo conforme as pessoa vão depositando. Não cai tudo ao mesmo tempo”, detalhou a fonte, que já participou de quatro grupos, alguns de Campo Grande outros com pessoas de outros estados.

A mesma fonte disse que já foi convidada a participar de grupo, cuja cota era de R$ 625, havendo promessa de receber até R$ 1 mil, “mas não entrei porque não consegui localizar quem se dispusesse a participar”, contou.

Legalidade – A iniciativa da Mandala ainda é vista como algo novo e merece que seja interpretada com cuidado. Pois, embora apresente características de pirâmide financeira, pois quem adere por último acaba favorecendo o lucro dos primeiros, ainda não é possível afirmar de que se trata disso.

Segundo o presidente da Comissão de Advogados Criminalistas da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil) de Mato Grosso do Sul, Fábio Andreasi, a princípio a iniciativa apresenta algumas características de pirâmide financeira. “Podemos citar o prazo indeterminado para recebimento, nunca tem produto concreto sendo oferecido como contrapartida do investimento e a promessa do dinheiro sem muito esforço, mas ainda assim não é possível afirmar que se trata da pirâmide financeira”, disse.

De todo modo, a orientação dele é que todo convite seja analisado com cuidado. “O que recomendamos para obter dinheiro é poupar e trabalhar”, disse.

Pirâmide Financeira – A pirâmide financeira é considerada crime contra a economia popular, conforme o disposto no artigo 2º, inciso 9, da Lei 1.521/1951, com a seguinte redação: “obter ou
tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos ("bola de neve", "cadeias", "pichardismo" e quaisquer outros equivalentes)”.

Nesse sistema, os participantes são remunerados pela indicação de outras pessoas para compor o grupo, sem levar em consideração a real venda de produtos. Casos de pirâmide financeira vieram à tona em 2014 e várias empresa foram investigadas.

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