Cidades

Santa Casa poderá usar protocolo de hospital paulista para transplantar rim

Cirurgias continuam suspensas, deixando 395 pessoas na fila de espera para ter um novo órgão

Carlos Martins e Luciana Brazil | 30/01/2013 11:24
Kanamura: "Hoje cada médico faz de um jeito diferente" (Foto: Luciano Muta)
Kanamura: "Hoje cada médico faz de um jeito diferente" (Foto: Luciano Muta)

O diretor técnico da Santa Casa de Campo Grande, Luís Alberto Kanamura, disse hoje que a suspensão dos transplantes de rim foi feita para que seja implantado apenas um protocolo a ser seguido pelas equipes médicas. O diretor salientou que o protocolo utilizado pelo Hospital do Rim e Hipertensão de São Paulo, referência no País, foi a opção mais valorizada em uma reunião com os médicos. Por enquanto os transplantes continuam suspensos, sem data para recomeçar. Enquanto isso aguardam na fila 395 pessoas de acordo com a Central de Transplantes.

“Os problemas já foram detectados. Hoje cada médico, cada equipe, faz de um jeito diferente. Isso coloca em risco a vida do paciente. Por isso nos reunimos com os médicos para estabelecer o melhor protocolo”, disse o diretor em entrevista coletiva à imprensa.

Kanamura disse, ainda, que o hospital não pode garantir a logística, quando cada médico faz o procedimento de forma diferente. “Isso torna a cirurgia vulnerável. Com a medida, o hospital tem como garantir a agilidade necessária”, observou o diretor técnico, que assumiu o cargo em março do ano passado.

Os transplantes começaram a diminuir a partir de 2005, ano da intervenção da Santa Casa, até cessarem em 2011. Uma das justificativas para a suspensão era que o hospital não tinha UTI adequada, mas o diretor rebate essa informação, sustentando que, ao assumir em março do ano passado, as UTIs se encontravam em perfeitas condições.

Com a retomada dos transplantes, em 2012 foram realizados 38 transplantes de rins pela Santa Casa. Este ano, foi realizado um transplante. No dia 25, o diretor técnico decidiu pela suspensão. A Santa Casa é o único hospital de Mato Grosso do Sul que realiza os transplantes.

 

A definição de um protocolo padrão era uma cobrança feita pela Associação dos Doentes Renais Crônicos e Transplantes de Mato Grosso do Sul (Recromassul). Segundo o presidente da entidade, o não isolamento dos pacientes após a cirurgia é a principal falha. “Ele precisa ficar em área isolada, uma enfermaria isolada, e isso não estava acontecendo”, disse o presidente da Recromassul.

A Santa Casa continua realizando transplantes de córneas, ossos e de pele. Também está habilitada para fazer transplante de coração, mas por enquanto, este tipo de cirurgia está descartada. “Ainda nem sonho com esse protocolo”, disse Kanamura.

Para o transplante de córneas, considerado menos complexo do que o de rim, não existe fila. A cirurgia pode ser feita até seis horas após a morte do doador. Já o transplante de rim é uma cirurgia mais complicada, principalmente nas primeiras 24 horas, consideradas as mais críticas. Após a retirada do rim do doador, o tempo máximo para a cirurgia é de 30 horas.

 

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