Cidades

Prisões deixam PM sem comandantes na rota do contrabando de cigarro

Ao todo, 17 praças e 3 oficiais de unidades em 14 cidades foram presos nesta quarta-feira preventivamente

Danielle Valentim e Anahi Zurutuza | 17/05/2018 10:02
Tenente-coronel Admilson Cristaldo chega à Corregedoria da Polícia Militar para cumprir mandado de prisão em investigação sobre corrupção. (Foto: Fernando Antunes)
Tenente-coronel Admilson Cristaldo chega à Corregedoria da Polícia Militar para cumprir mandado de prisão em investigação sobre corrupção. (Foto: Fernando Antunes)

Três unidades da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, em cidades usadas como rota da “Máfia do Cigarro”, começaram os trabalhos desta quinta-feira (17) sem os comandantes. Os oficiais tiveram as prisões decretadas durante a Operação Oiketikus que investiga o envolvimento em corrupção, principalmente na facilitação do contrabando de cigarro. 

Os policiais militares de alta patente e demais presos ontem não passam por audiência de custódia, porque tiveram as prisões preventivas (por tempo indeterminado) decretadas. Ao todo, foram presos três oficiais e 17 praças, segundo apurou o Campo Grande News

Um dos oficiais presos foi comandante do 11º Batalhão da PMMS, em Jardim, tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa. Ao Campo Grande News, os advogados Ivan Gibim Lacerda e Rui Gibim Lacerda confirmaram tratativas para assumir o caso e a defesa do envolvido.

A reportagem apurou ainda que o major Oscar Leite Ribeiro é outro que está entre os presos. Ele comandava 2ª Companhia em Bela Vista, mas foi substituído no início do ano. No dia 11 de abril, o major publicou no Facebook que assumia “nova missão”, a de subcomandante do 4º BPM de Ponta Porã.

Foi preciso uma van para levar policiais à Corregedoria. (Foto: Fernando Antunes)

O terceiro oficial envolvido e preso nesta quarta-feira (16) é o tenente-coronel Luciano Espíndola da Silva, comandante da 1ª Companhia de Bonito. Ele foi substituído nesta manhã pelo capitão Francisco Solano, que assumiu o comando.

A Associação dos Oficiais Militares Estaduais informou que a assessoria jurídica da entidade também acompanha o caso. A advogada Klenmya Benis foi até o Presídio Militar nesta quinta-feira para conversar com os oficiais presos.

“Vou conversar com um dos majores. A nossa preocupação agora é com a imagem da corporação e também dos oficiais. Muito embora eu tenha ido à corregedoria ontem, não tive acesso às informações, mas tudo será apurado. Mas a Associação está à disposição para ajudar”, disse.

Todos os presos estão no Presídio Militar de Campo Grande, para onde foram levados ontem, após o depoimento. 

Segundo informações oficiais do Gaeco, todos são suspeitos de integrar uma “organização criminosa composta por policiais militares que atuam na facilitação do contrabando de cigarros”.

A operação desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Corregedoria da Polícia Militar prendeu 20 suspeitos de facilitar o contrabando de cigarro no Estado. Batizada como Oiketicus (nome científico do inseto apelidado de bicho-cigarreiro), a ação ocorreu nesta quarta-feira em 16 cidades de Mato Grosso do Sul e envolveu 125 policiais militares, além de nove promotores.

Segundo divulgou o Ministério Público do Estado, apenas um dos 20 mandados de prisão preventiva não foi cumprido. Nenhum dos presos teve o nome divulgado, porém o Campo Grande News apurou que um deles é o policial militar Alisson Almeida, que em março deste ano se envolveu em confusão com policiais rodoviários federais em Dourados – a 233 quilômetros de Campo Grande.

Segundo o Gaeco, um mandado de prisão temporária e 45 mandados de busca e apreensão foram cumpridos na ação. Uma pessoa continua foragida.

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