Cidades

População envelhece em ritmo mais lento no Estado, mostra pesquisa

Christiane Reis | 27/11/2016 10:18
Dona Rosa com o bisneto, Pedro Eduardo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Dona Rosa com o bisneto, Pedro Eduardo. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Eu tive filho aos 18 anos, minha filha aos 22 e minha neta aos 26 anos de idade. Eu fui avó muito cedo e bisavó bem mais tarde, se for comparar com a minha época”, diz a aposentada Rosa Conceição da Silva, 70 anos. O depoimento dela ilustra bem o comportamento da população na atualidade, que opta por ter filhos mais tarde ou nem tem filhos.

A leitura feita por Dona Rosa se confirma pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2015, divulgada nesta sexta-feira (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A pesquisa confirma: a população está envelhecendo, porém em Mato Grosso do Sul, apesar do número de idosos ter aumentado 11,22% ano passado, quando comparado a 2014, o de crianças também teve um aumento considerável de 7,22%, o que para o sociólogo, Paulo Cabral, é muito positivo pois mantém um certo equilíbrio quando se compara o número de crianças e de idosos.

“Observamos que apesar do intervalo entre as gerações estar aumentando, pois as mulheres hoje preferem ter filhos mais tarde, geralmente após os 30 anos, o Estado está conseguindo repor a população. O índice de idosos aumentou, mas o de crianças também, ainda que não tenha sido na mesma proporção. Acredito ser preocupante um estado não conseguir essa reposição”, avalia.

No caso de Mato Grosso do Sul, o sociólogo destaca que existem muitos municípios pequenos, nos quais as famílias moram predominantemente nas cidades, mas com forte referência do mundo rural. “Isso favorece a natalidade”, disse. Sem contar que temos a população indígena que também influencia.

Ele lembrou que o Brasil vive um momento de transição demográfica, “estamos passando de pirâmide para barriga porque tivemos forte impacto nas taxas de fecundidade e natalidade, então a nossa população está envelhecendo”, disse.

Nacionalmente isso fica bem mais evidente. Conforme a pesquisa o número de crianças de 0 a 4 anos diminuiu. Em 2014 elas representavam 6,6% da população, eram 13,354 milhões de crianças nessa idade, enquanto que em 2015 o número era de 12,941 mi, representando 6,3% dos habitantes. Já o de idosos teve um aumento mais expressivo, em 2014 eles representavam 13,7% da população, ao passo que em 2015 representavam 14,3%.

Longevidade – Conseguir envelhecer, criar filhos, netos e bisnetos é um dos orgulhos de Rosa da Silva. “É muito bom conviver com criança, meu bisneto é a alegria da casa. Gosto de brincar com ele e acompanhar o crescimento. Por isso achei muito bom ter tido filho cedo”, conta.

O lado ruim, segundo ela, é que com o passar do tempo mesmo tendo experiência profissional em cuidar – ela era auxiliar de enfermagem – é que ela desaprendeu a cuidar no momento de doença. “
Fico apavorada, não sei mais o que fazer”.

Hoje é ela que precisa de cuidados, pois está fazendo tratamento de saúde e acredita que toda a história que construiu está sendo fundamental nesse momento. “Hoje, eles cuidam de mim e receber esse cuidado é algo muito especial, me sinto privilegiada”.

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