Cidades

Perito de SP avaliará filho de presidente do TRE e diz gostar de caso difícil

Palomba assinou laudo em 2010 sobre o procurador aposentado que matou sobrinho em MS

Aline dos Santos | 04/08/2017 14:13

Com entusiasmo que revela predileção por casos polêmicos, o psiquiatra forense Guido Arturo Palomba afirma que aceitou avaliar Breno Fernando Solon Borges. Filho da presidente do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), ele foi preso por tráfico de drogas e obteve autorização da Justiça para ser internado em clínica. A transferência foi autorizada após diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline.

“Para mim é sempre uma honra muito grande ser nomeado como perito nesses casos polêmicos, tecnicamente difíceis, sempre procuro fazer o melhor que posso”, diz Palomba.

Com histórico de processos rumorosos, ele assinou laudo em 2010 sobre o procurador aposentado Carlos Alberto Zeolla, que matou o sobrinho a tiros em Campo Grande. Na ocasião, o psiquiatra fez o trabalho à distância, a partir do processo.

O perito forense não detalha se vai à clínica Maxwell, em Atibaia (São Paulo), onde Breno está internado ou se fará análise pelos autos. “O que posso dizer é que vou fazer o meu trabalho com absoluta isenção, como sempre faço. Vou ser técnico. A Medicina é uma profissão eminentemente técnica.

A pessoa tem a doença ou não tem, a mulher está grávida ou não está. Vou ser totalmente técnico para responder aos quesitos”, diz Palomba. Ele já está com o processo e a senha de acesso.

No currículo, o profissional traz até perícia póstuma retrospectiva, cujo analisado já morreu. Como o de Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, menino de 13 anos que matou os pais, a avó, a tia-avó e depois de suicidou no interior de São Paulo.

O psiquiatra forense foi nomeado pelo juiz da Vara Única de Água Clara, Idail De Toni Filho, após a a defesa de Breno pedir a instauração do incidente da insanidade mental, que avalia se o acusado tem ou não como ser responsabilizados pelos crimes que supostamente cometeu.

O magistrado também nomeou João Sampaio de Almeida Prado, especialista em psicanálise pela Sociedade Paulista de Psicoterapia Analítica de Grupo e medicina legal e perícias médicas pelo Conselho Federal de Medicina.

A reportagem não conseguiu contato com o profissional. O pagamento é feito pela defesa. A ação penal por tráfico de drogas ficará suspensa até que a avaliação psiquiátrica seja concluída.

Caso - Breno foi preso na madrugada de 8 de abril pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), em Água Clara. Em dois veículos, ele e mais duas pessoas transportavam 129,9 kg de maconha, 199 munições calibre 7.62 e 71 munições calibre 9 milímetros, armamento de uso restrito das Forças Armadas no Brasil.

Num outro processo, ele é acusado de planejar a fuga de liderança de organização criminosa do presídio Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima de Campo Grande.

Contudo, uma sequência de liminares do TJ/MS determinou que o preso fosse transferido do presídio de Três Lagoas para clínica psiquiátrica no Estado.

O corregedor nacional de Justiça, o ministro João Otávio de Noronha determinou a instauração de reclamação disciplinar contra os desembargadores Tânia Borges (mãe de Breno), José Ale Ahmad Netto e Ruy Celso Barbosa Florence. Os dois últimos concederam liminares para que o preso fosse internado.

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