Cidades

Pela internet, sargento da FAB de MS mostra o que vê e sente ao ajudar o RJ

Viviane Oliveira | 21/01/2011 16:41

Músico que visitava a região serrana também conta que nunca viu nada igual

Helicópteros da FAB não param de levar donativos e resgatar pessoas. (Foto: Arquivo pessoal)
Helicópteros da FAB não param de levar donativos e resgatar pessoas. (Foto: Arquivo pessoal)
Militar ajuda família desabrigada.

Entre pousos e decolagens, em meio a tragédia das chuvas no Rio de Janeiro, o sargento Paulo Cruz relata pela internet a rotina de quem passou a ser fundamental para a comunidade serrana. “Carregamos quatro toneladas de mantimentos. Mesmo com três dias de sol, ainda tem muita gente passando fome e sede".

Ele é um dos seis militares que embarcaram no dia 16 de janeiro da Base Aérea de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, com a missão de diminuir o sofrimento dos desabrigados.

Pai de dois meninos na Capital sul-mato-grossense, o carioca de nascimento deixou a família em Campo Grande para apoiar a população do Rio de Janeiro. No Facebook ele mostra um pouco em fotos e relatos o que vê e sente, ao lado dos colegas militares.

“Nossos helicópteros não param de levar donativos e resgatar pessoas. Ontem levamos uma mulher grávida que estava isolada em Bom Jesus, um dos lugares mais castigados, até um posto médico”, contou.

O helicóptero H-1H decolou na manhã do dia 16 de janeiro e só conseguiu condições para pouso no outro dias, devido ao mau tempo na região serrana.

Apesar de tanta contribuição dos brasileiros, o militar que integra também o Esquadrão Pelicano, grupo de busca e salvamento da Capital de MS, lembra que ainda há necessidade de donativos, principalmente fraldas descartáveis, leite e produtos de limpeza. "Os armazéns daqui estão lotados, mas só de roupas".

Foram enviados também pela FAB de Mato Grosso do Sul outras aeronaves para transporte de alimentos, quatro carretas e cinco caminhões com capacidade de transportar juntos 40 toneladas de cargas.

Além de realizar as missões de busca e resgate de aviões e embarcações desaparecidas em todo território nacional, o Esquadrão Pelicano ainda é acionado em situações de calamidade, como aconteceu nas cheias de Santa Catarina em 2008, na Bolívia em 2007, e no Pantanal.

Rafael foi para o Rio passear e encontrou um cenário de destruição. (Foto: arquivo pessoal)

O músico Rafael Augusto Couzzi, 24, chegou ontem (20) às 23 horas em Campo Grande. Depois de enfrentar a tragédia no Rio de Janeiro, ele revelou o momento de angústia e dor das vítimas dos deslizamentos na região Serrana.

Em entrevista ao Campo Grande News, Rafael contou que passou 11 dias em Teresópolis (RJ) de férias na casa da mãe e que foram dias de terror. Ele disse que no primeiro dia que chegou o tempo estava bom, no segundo dia esfriou e já no terceiro choveu muito forte de madrugada.

“No outro dia eu e meu cunhado fomos dar uma volta na cidade, à chuva tinha feito o maior estrago. Metade da cidade não existia e a outra estava coberta de lama”, contou.

Rafael conta que nunca tinha visto um estrago nessa proporção e que a cidade virou um campo de guerra. “A gente sai na rua é bombeiro, carro do exército para todo lado, e as pessoas gritando desesperada. A orientação é para não sair de casa”, disse Rafael.

O músico disse que chegou a ver corpos nas ruas, crianças penduradas em árvores, famílias desesperadas, pessoas que perderam tudo e crianças que ficaram órfãos.

“Eu vi o desespero dessas pessoas, a gente fica meio abalado estou até agora baqueado com tudo isso”, relata Rafael que essa foi a maior catástrofe natural do Brasil.

Conforme Rafael a mãe e a irmã continuam em Teresópolis. “A Defesa Civil já foi na casa e constatou que não é aérea de risco, mas mesmo assim eu fico preocupado”, declarou Rafael.

Teresópolis-Friburgo na altura de Vieiras coberta por lama. (Foto: Henrique Porto/G1)

Números - De acordo com as prefeituras das cidades atingidas pelo temporal do dia 11, o número de corpos resgatados chega a 770 e o número de desabrigados e desalojados gira em torno de 20 mil pessoas.

Pelos últimos levantamentos dos municípios, ao todo são 373 em Nova Friburgo, 304 em Teresópolis, 64 em Petrópolis, 22 em Sumidouro, 6 em São José do Vale do Rio Preto e 1 em Bom Jardim.

Segundo o boletim da Polícia Civil divulgado às 11h45 desta sexta-feira (21), 765 corpos já foram identificados: 309, em Teresópolis; 367, em Friburgo; 1, em Bom Jardim; 63, em Petrópolis; 21, em Sumidouro e 4, em São José do Vale do Rio Preto. (Com informações do site G1)

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