Pastor quer processar Estado e alega que foi humilhado
Depois de permanecer preso por mais de um dia, o pastor Elieser de Eliseu Simões, 29 anos, em entrevista ao Campo Grande News, diz ter sido humilhado publicamente e pretende tomar providências como, por exemplo, processar o Estado.
Na madrugada de ontem ele foi preso após três horas e 40 minutos de perseguição, durante a qual os policiais chegaram a disparar dez tiros de advertência. Acabou sendo solto hoje à tarde, às 17h, após um amigo ter pago a fiança de R$ 400.
A perseguição começou no cruzamento da rua Joaquim Dornelas com a avenida Salgado Filho, no bairro Amambaí, e só terminou no cruzamento da rua Ceará com a Oásis, no bairro Coronel Antonino.
De acordo com Elieser, na tarde de segunda-feira sua sogra foi submetida a exames de saúde na Santa Casa, por conta de uma doença. Na madrugada de terça, após deixar sua esposa no hospital, ele diz que se deslocou até o bairro Amambaí para buscar seu sogro que também acompanharia uma tomografia que seria feita no estabelecimento de saúde.
"Acabei entrando na contramão e uns 20 metros a minha frente avistei um carro com a luz apagada, acabei dando sinal de luz alta e nisso escutei dois disparos contra o meu carro. Nisso eu dei ré saí dali, logo depois percebi que se tratava de um carro da polícia", explicou.
Alegando que se desesperou, o pastor diz que passou a fugir, com medo de ser ferido. Foi então que ele conseguiu despistar a polícia, mas constatou que um dos pneus de seu veículo Ford Focus, placas HSJ-4532, havia furado.
"Eu procurei uma borracharia e arrumei o pneu e quando retornava para a minha casa, avistei a viatura, de novo. Mais tiros foram disparados contra o meu carro", disse Elieser, alegando que seu automóvel foi alvo de mais de 50 tiros de metralhadora 44. "Sobrevivi por conta da mão divina", detalhou.
Depois da prisão, apenas 9 tiros foram verificados na lataria do carro dele.
A versão é bem diferente da apresentada pela Polícia, que garante que Elieser chegou a jogar seu veículo contra um dos veículos oficiais, danificando o pára-choque e também "rampou" o carro quando estava entre a Vila Planalto e Cabreúva, para retomar a Via Morena.
Após a retenção, o pastor diz que foi agredido. "Já chegaram me agredindo, me algemaram e me bateram, fiquei cheio de hematomas. Depois fizeram uma vistoria completa no meu carro e não encontraram nada. Não sei como aquela lata de cerveja foi parar lá dentro, não sei quem colocou", garante o pastor.
Elieser admite que não deixou que fossem colhidas amostras de sangue para o exame toxicológico, mas negou que tivesse consumido algum entorpecente, embora, segundo os policiais, uma lata com furos e resíduos de uma substância que pode ser pasta-base de cocaína e que será submetida a exames tenha sido encontrada no interior do carro.
"Fui submetido a falsas denúncias, me humilharam publicamente e agora me enquadram em crime praticado contra o patrimônio público? Foi erro atrás de erro e isso mostra a inexperiência por parte das autoridades policiais através do despreparo", analisa Elieser.
Ainda sobre a lata de cerveja encontrada no carro dele, o pastor adianta que "essa lata não estava dentro do carro e nem consta essa informação no processo, nem mesmo a batida no carro da polícia". Sobre sua família ter se recusado a pagar a fiança, Elieser foi sucinto e disse que pediu para a família não se envolver no caso.
"Não foi dada voz de prisão, não me deixaram usar telefone. Sofri abusos de direito como cidadão e quero justiça", comentou o pastor, ainda ressaltando que não nega ter sido usuário de drogas durante sete anos. "Mudei de vida, mas ontem sofri abusos e vou conversar com meu advogado para saber qual decisão tomarei de início".
Sobre o amigo que pagou a fiança, Elieser apenas esclarece que "é um jornalista amigo meu que tem a alma caridosa e que viu que eu estava sendo vítima dessa situação".