Cidades

Pãozinho francês vai ficar menos salgado no gosto, mas não no bolso

Paula Maciulevicius | 05/01/2012 19:12

Guia da Anvisa traz o acordo do Ministério da Saúde que prevê a diminuição em 0,2% da quantidade de sal à farinha de trigo até 2014

Consumido pelos brasileiros ao menos uma vez por dia, pãozinho francês vai ter receita alterada. (Foto: Simão Nogueira)
Consumido pelos brasileiros ao menos uma vez por dia, pãozinho francês vai ter receita alterada. (Foto: Simão Nogueira)

O pãozinho francês vai ficar menos salgado no gosto, mas não no bolso dos consumidores. A notícia ainda deixa padeiros e proprietários de panificadoras em dúvida quanto às medidas, mas para quem está do lado de cá do balcão, a ideia é válida.

“É interessante porque hoje tem muito problema de hipertensão. É capaz de dar uma pequena alteração no sabor, mas não vai ter problema”, comenta o gerente Manoel Elias Barbosa, 46 anos.

A determinação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de reduzir o consumo de sal no país faz com que o “seo” Manoel lembre e muito do passado. Para quem chegou a fazer pão no “olhômetro” ver agora um guia impresso pelo órgão orientando a diminuição de 2% para 1,8% de sal no pão, surpreende.

“Antigamente era na mão. Meia lata disso, tanto disso e umas pitadas de sal. Com a profissionalização de hoje, de por tudo no peso é mais fácil de cuidar”, comenta.

O guia da Anvisa traz o acordo do Ministério da Saúde e das indústrias de massa, trigo e panificação que prevê a diminuição em 0,2% da quantidade de sal à farinha de trigo até 2014.

Entre os que consomem os 3,5 mil pães da padaria de “seo” Manoel, os clientes aprovam. “A ideia é ótima, visa a melhorar a saúde do consumidor. Tudo o que vem nesse sentido de somar, a gente vê com bons olhos”, opina o advogado Élbio Gonzales, 57 anos, por coincidência, hipertenso.

“Precisa ser padronizado e uma preocupação constante, precisa vislumbrar não só o pão, mas os demais produtos”, acrescenta.

Mas a questão levantada pelo advogado também entra no guia, além do pãozinho francês de todo dia, estão batatas fritas, bolos prontos, salgadinhos de milho e biscoito recheados.

Hipertenso, cliente aprovou medida, para ele resta saber se diminuição vai atingir outros produtos. (Foto: Simão Nogueira)

A dúvida dos padeiros é como vai funcionar a fiscalização e a quantidade padrão para cada receita de pão. “É um debate atual, mas vai da consciência das panificadoras porque como vai ter fiscalização? É uma boa pelos problemas de saúde, mas se parar para pensar a Coca Zero tem muito mais sal”, coloca o proprietário Fernando Serra.

Segundo o IBGE, o brasileiro consome pelo menos um pão francês por dia, principalmente no café da manhã ou no lanche da tarde. Nas padarias onde o Campo Grande News passou no bairro São Bento, Jardim TV Morena e Planalto, a média de sal no pão é de 20mg de sal para cada pãozinho.

Já a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de 320mg de sódio, correspondente a 40% da composição do sol para um pão.

O que vale lembrar é que a quantidade reduzida de sal no pão não dispensa os cuidados cm a ingestão diária do ingrediente. A OMS recomenda consumo diário de 2g de sal, o mesmo que uma colher de chá somando em todas as refeições.

“É uma medida benéfica, mas não é só o sal, o pão tem muita gordura vegetal e o que se põem nele, como margarina e manteiga também, tudo isso faz aumentar e muita a quantidade de ingestão”, explica a nutricionista Thais Pereira Lima.

Consumidores assíduos do pãozinho francês têm dois anos para se adaptar. “O paladar dos que gostam muito de sal vão sentir, só que isso é uma questão de hábito. Com o tempo vai se acostumando até não sentir mais falta”, finaliza a especialista.

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