Cidades

Município descarta inseticida vencido enviado pelo Ministério da Saúde

Natalia Yahn | 01/03/2016 12:20
Rótulo do inseticida está preservado, e de acordo com o Ministério da Saúde, pode ser usado para combater o Aedes. (Foto: Direto das Ruas)
Rótulo do inseticida está preservado, e de acordo com o Ministério da Saúde, pode ser usado para combater o Aedes. (Foto: Direto das Ruas)

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) ignorou a prorrogação do prazo de validade do inseticida usado nos veículos fumacê para combater o Aedes aegypti – transmissor da dengue, zika e chikungunya – e descartou todo o produto. A aplicação poderia ser feita em pelo menos dez bairros de Campo Grande, mas foi devolvido para a SES (Secretaria de Estado de Saúde), responsável pela distribuição do inseticida, enviado pelo Ministério da Saúde.

O titular da Sesau, Ivandro Fonseca, afirmou que o produto não será utilizado para fumacê na Capital. “Pedimos 9 mil litros, mandaram só 200 litros e ainda estava vencido. Campo Grande sofreu prejuízo, pois o ciclo de combate foi interrompido. Não podemos fazer qualquer procedimento que seja incompleto, é uma falta de responsabilidade”.

Na sexta-feira (26), durante reunião com promotores públicos no MPE (Ministério Público Estadual), o secretário de Estado de Saúde, Nelson Tavares, questionou as declarações de Ivandro. "Essa questão do fumacê é só 3% do problema. O mais importante é combater o foco de proliferação do mosquito. Não podemos parar de agir só porque está faltando kit, está faltando veneno".

O chefe da pasta estadual de saúde também afirmou confiar no laudo do Ministério da Saúde. "Fazem isso há quase 10 anos, muitas vezes é sobra de campanhas passadas, ou demora para importar", explica.

No mesmo dia o Ministério da Saúde emitiu uma nota sobre o inseticida Malathion que foi enviado para Mato Grosso do Sul, com prazo de validade vencido. Os mil litros do produto foram repassados para a Sesau, que esta sem fumacê há duas semanas e continua sem previsão de realizar o trabalho de borrifação para combater o mosquito Aedes aegypti – transmissor da dengue, zika vírus e febre chikungunya.

O inseticida está vencido desde 30 de outubro de 2013, mas o Ministério informou que o produto pode ter o prazo de validade estendido, que é indicado pela ONU (Organização das Nações Unidas) para Agricultura e Alimentação, “como medida para evitar desperdício de recursos públicos”. Porém a medida só é válida desde que tenha armazenamento adequado e integridade de rótulos e embalagens.

Fumacê não é realizado na Capital desde o dia 18 de fevereiro. (Foto: Fernando Antunes / Arquivo)

Imagens divulgadas na quinta-feira (25), pelo secretário Ivandro Fonseca, mostram que tanto a embalagem quanto os rótulos estão em perfeitas condições e por isso, de acordo com o Ministério, o produto pode ser usado. O prazo de validade foi estendido e agora o inseticida poderá ser aplicado até junho de 2016, porém a previsão é de que o produto seja usado em apenas três dias.

Para estender a validade o Ministério da Saúde afirma ter realizado análise técnica do produto em laboratório especializado e o resultado “demonstrou que o teor de ingrediente ativo do inseticida enviado ao Estado estava dentro das recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde)”.

Ainda na nota o Ministério afirma que “o produto analisado encontra-se adequado para utilização nas atividades de nebulização”.

A SES (Secretaria de Estado de Saúde), que repassou o produto para a Sesau, também se pronunciou sobre o caso e disse que o produto recebido esta semana aguardava justamente a prorrogação do prazo de validade pelo Ministério da Saúde.

“Em casos de envio de lotes com validade vencida, o Ministério da Saúde faz o repasse do produto acompanhado de uma nota oficial informando a renovação do prazo de validade”.

A previsão é de que um novo lote com 30 mil litros de inseticida seja encaminhado para Mato Grosso do Sul a partir do dia 9 de março.

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