Cidades

Mulheres montam grupo para ajudar vítimas de violência sexual e física

Viviane Oliveira | 30/10/2013 10:49
O grupo segue um apostila  intitulada por “Grupo de apoio Tamar”, o nome é de uma personagem do antigo testamento da bíblia, que foi estuprada pelo irmão. (Foto: Marcos Ermínio)
O grupo segue um apostila intitulada por “Grupo de apoio Tamar”, o nome é de uma personagem do antigo testamento da bíblia, que foi estuprada pelo irmão. (Foto: Marcos Ermínio)

“Você foi vítima, mas não precisa continuar sendo”. A frase é da pastora e acadêmica de Psicologia Giseli Oliveira de Loyola, que há 1 mês montou um grupo de apoio na 4ª Igreja Presbiteriana, em Campo Grande, para ajudar mulheres vítimas de violência sexual, física e psicológica.

O grupo surgiu depois que Giseli, que já desenvolvia um trabalho semelhante na igreja, viu a necessidade de ajudar mulheres que caladas sofriam por ter passado por algum tipo de violência, principalmente sexual, na infância.

Até agora, 18 mulheres participam das reuniões que acontecem todas as terças-feiras das 7h30 às 9h30. Nos encontros a pastora segue uma apostila intitulada por “Grupo de apoio Tamar”, o nome é de uma personagem do antigo testamento da bíblia, que foi estuprada pelo irmão.

No encontro, além da leitura de cada lição, as mulheres conversam entre si e cada uma expõe o que viveu e quais as sequelas que ainda carregam da violência que sofreram, quando ainda eram crianças. “A primeira coisa é admitir o abuso. Muitas vezes elas não admitem por medo, vergonha ou culpa”, diz Giseli.

Foi o que aconteceu com uma das vítimas, 33 anos, que auxilia a pastora no grupo. Ela foi abusada dentro de casa pelo pai biológico, quando tinha 11 anos. Hoje casada e mãe de dois filhos, a mulher diz que tinha medo de denunciar, pois o pai era uma figura respeitada na família. “Na época só a minha irmã sabia e nós duas tentávamos proteger dele a nossa irmã mais nova”, diz.

Através dos encontros, a mulher diz que está se redescobrindo e apesar de ter perdoado o pai, se afastou dele. “Eu era uma pessoa doente emocionalmente e me sentia suja”, destaca.

Pastora Giseli diz que quer ajudar outras pessoas, também, independente da religião. (Foto: Marcos Ermínio)

O mesmo aconteceu com a estudante de 24 anos, que também participa das reuniões. Ela sofreu abuso do pai biológico dos 7 aos 12 anos. “O mais importante era manter as aparências”, conta a jovem, acrescentando que um dos questionamentos, dela e de outras vítimas de violência sexual dentro de casa, é se a mãe sabia e não fazia nada por medo.

Na maioria das vezes, enquanto adultos são geralmente abordados por desconhecidos em lugares públicos, crianças e adolescentes costumam ser violentadas no ambiente familiar por muitos anos. A tortura psicológica, o uso da força ou qualquer tipo de poder, são uma das armas utilizadas pelos estupradores.

Quem quiser entrar em contato com o grupo, independente da religião, pode ir até a 4ª Igreja Presbiteriana na Avenida Amazonas com 13 de Maio ou ligar para o fone 3028-2538. "Ao mesmo tempo que é um projeto grandioso é também algo muito simples. Consiste na ajuda mútua de pessoas que compartilham as mesmas experiências, as mesmas sequelas. Tudo começa ao conseguir nomear sentimentos confusos e depois verbalizá-los", resume umas das partipantes do grupo.

Estatísticas - De acordo com os dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) do dia 1º de janeiro até agora foram registrados 259 casos de estupro em Campo Grande.

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