Cidades

Moradores de MS receberam maior valor de fraude em universidade do PR

Lista inclui família, advogado e beneficiária do Bolsa Família. Chefe afastada da UFPR nasceu em Campo Grande

Aline dos Santos | 17/02/2017 14:50
PF investiga desvio de R$ 7 milhões na Universidade Federal do Paraná (Foto: Marcos Solivan/ Divulgação/ UFPR)
PF investiga desvio de R$ 7 milhões na Universidade Federal do Paraná (Foto: Marcos Solivan/ Divulgação/ UFPR)
Operação da PF do Paraná foi realizada no dia 15. (Foto: Divulgação)

Dois moradores de Campo Grande receberam os maiores valores individuais dos R$ 7,3 milhões que teriam sido desviados da UFPR (Universidade Federal do Paraná) em esquema de concessão de bolsas de pesquisa para pessoas sem vínculo com a instituição. Os pagamentos foram alvos da Operação Research, realizada na quarta-feira (dia 15) pela PF (Polícia Federal) do Paraná.

De acordo com relatório do TCU (Tribunal de Contas da União), a assistente administrativo Maria Alba de Amorim Suarez foi beneficiária de pagamento de R$ 739.489 entre 2013 e 2016.

O segundo maior pagamento individual foi para Pedro Amorim Suarez Campos: R$ 638.376,10. Ele é filho de Maria Alba e irmão de Maria Eduarda Amorim Suarez Campos, que recebeu R$ 283.850, 10ª colocada no ranking do benefício. Maria Alba e Pedro têm registro no cadastro único para programas sociais do Ministério do Desenvolvimento.

O endereço da família em Campo Grande é o mesmo apresentado por Patrícia Vargas da Silva do Nascimento, beneficiária de R$ 158.850. O quinto morador em Mato Grosso do Sul apontado como beneficiário da bolsa destinada a pesquisadores é Arthur Constantino da Silva Filho, com valor de R$ 17.400. Os cinco fazem parte de uma lista de 27 pessoas que recebiam sem qualquer vínculo com a UFPR.

Conforme o Tribunal de Contas, foram realizados pagamentos e a título de Auxílio a Pesquisadores, Bolsa de Estudo no País e Bolsa de Estudo no Exterior a pessoas que não possuem qualquer vínculo com a UFPR, seja como professores, servidores ou alunos, inclusive para pessoas com endereço residencial em outros estados, a exemplo de Campo Grande (MS) e Rio de Janeiro (RJ).

Além de grande parte nem ter ensino superior, a vistoria verificou que nenhum dos beneficiários possui currículo cadastrado na Plataforma Lattes, condição indispensável para a participação em programas de bolsa de iniciação tecnológica e de bolsa de estudos de pós graduação stricto sensu.

Prisões – No último dia 15, a operação da PF cumpriu 15 mandados de prisão temporária (cinco dias), oito conduções coercitivas e 36 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio de Janeiro. No Estado, foram presas as cinco pessoas, sendo quatro em Campo Grande e uma em Maracaju, a 160 km da Capital. Nesta sexta-feira (dia 17), os presos permanecem na superintendência da PF de Campo Grande.

Relações – De acordo com as informações do pedido de prisão temporária, encaminhado pela Polícia Federal e deferido pela 14ª Vara Federal de Curitiba (PR), Patrícia Vargas da Silva do Nascimento recebeu R$ 1.764 do Bolsa Família em 2015 e também tem residência em Maracaju.

Já Arthur Constantino da Silva Filho é advogado em Campo Grande. A Capital é o local de nascimento de Conceição Abadia de Abreu Mendonça, chefe da Seção de Controle e Execução Orçamentária da Universidade Federal do Paraná e afastada do cargo.

Defesa – A reportagem entrou em contato com os advogados da família presa em Mato Grosso do Sul e de Arthur Constantino. Nedson Bueno Barbosa, que havia sido contratado por Maria Alba, Pedro Amorim e Maria Eduarda, foi dispensado pelos clientes e afirma não saber quem irá substituí-lo na defesa.

Ao fazer contato no escritório do advogado de Constantino, Danilo Cristofaro, a secretária informou que ele não estava no local, garantiu que passaria recado ao defensor de que a equipe do Campo Grande News precisava falar com ele. O advogado retornaria se quisesse se manifestar.

A família da Capital e Arthur continuam presos na sede da Polícia Federal. 

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