Cidades

Moradores contabilizam estragos de pior alagamento desde 2006

Flávia Lima e Aline Santos | 19/12/2014 10:05
Na tentativa de salvar os poucos pertences, família coloca os objetos para secarem ao sol. (Foto:Marcelo Calazans)
Na tentativa de salvar os poucos pertences, família coloca os objetos para secarem ao sol. (Foto:Marcelo Calazans)
Móveis foram encontrados ainda hoje de manhã nas ruas da região (Foto: Marcelo Calazans)

Às vésperas do Natal, as 29 famílias da Vila Popular, em Campo Grande, vivem o drama de tentar salvar o pouco que lhes restou após as chuvas que castigaram vários bairros da Capital na tarde de ontem (18). Segundo a diretora da escola municipal que abrigou as famílias durante a chuva, Regina Célia de Almeida, desde 2006 o bairro não sofria com uma enchente tão grave.

De acordo com o meteorologista Natálio Abrahão, na região central e na Vila Popular choveu 44 milímetros durante 50 minutos. A média esperada para todo mês na Capital é de 210 milímetros. A previsão para a tarde de hoje é de mais chuva, porém ele diz que não há como prever a quantidade. O sistema de monitoramento da Prefeitura apontou 70 milímetros de chuva ontem na região oeste da Capital.

Hoje o dia está sendo de muito trabalho para os moradores da Vila Popular, uma das regiões mais atingidas pela força das águas. Ontem mesmo, logo que a chuva passou, as famílias começaram a contabilizar os prejuízos e tentam salvar os pertences pessoais, mobílias e eletrodomésticos que restaram.

Apesar da curta duração da chuva, o volume de água foi grande e logo inundou as ruas do bairro, já que o córrego Imbirussu, que passa próximo ao local, transbordou. Agentes da Assistência Social da prefeitura estão visitando as famílias e distribuindo colchões e cestas básicas. Também está sendo feita uma verificação de quais famílias recebem benefícios do governo como Vale Renda e Bolsa Família e se são inscritas na Emha (Empresa Municipal de Habitação). O objetivo é estudar a possibilidade de tirar as famílias do local.

Algumas delas que residiam próximo ao córrego foram transferidas há um tempo atrás para a região do Jardim Aeroporto.

Na casa do jardineiro Marcos Libório da Silva, 41, o dia está sendo de muito trabalho. Morador há quatro anos no bairro, ele perdeu a geladeira e piso de sua casa ficou totalmente destruído. Marcos ainda recorda os momentos de desespero que passou quando a água começou a subir e a invadir as casas. “Foi uma correria, as crianças começaram a chorar. Nunca tinha visto uma enchente assim”, diz o jardineiro que levou os filhos para um ponto mais alto da rua até que as águas baixassem.

A dona de casa Juliana Celestino de Souza morá há quatro meses no local pagando aluguel como a maioria dos seus vizinhos. Ela conta que para salvar alguns pertences precisou levá-los para o fundo da casa onde os cômodos não foram atingidos. “Nunca tinha vivenciado isso, precisei jogar tudo rápido nos fundos da casa e sai com meus quatro filhos”. Ela levou as crianças para a casa da irmã, mas à noite retornou com dois filhos para começar a limpeza. A família passou a noite em um colchão sujo e molhado, o único que restou. O colchão solicitado à assistência social foi negado com a justificativa de que o dela não estava em condições tão ruins.

Para o pedreiro Felipe Santos, 22, a enchente que atingiu o bairro ontem não foi a pior da história. Morador do local há 22 anos, ele perdeu a cama e na tentativa de salvar o berço do filho, colocou o móvel no quintal para tomar sol com alguns pares de calçado da família. “Agora é trabalhar para conseguir tudo de novo”, afirma

Abrigo - A Escola Municipal Frederico Soares serviu de apoio às famílias durante a chuva. Localizado em um ponto alto da rua, o prédio abrigou as famílias que jantaram no local. A refeição foi feita pela merendeira da escolas com o auxílio da diretora Regina. Ela lembra que na enchente de 2006 a escola precisou abrigar as famílias por três dias.

“Ontem a escola ajudou como pode, mas a prefeitura agiu rápido para socorrer” relata. Ela afirma que ficou na escola até a meia-noite e que ninguém dormiu no local, porém a Defesa Civil afirma que uma família passou a noite no prédio.

O jardineiro Marcos Libório, com o filho Daniel no colo perdeu eletrodomésticos. (Foto:Marcelo Calazans)
Para evitar mais prejuízo, Juliana Celestino levou os pertences para o cômodo mais alto da casa. (Foto:Marcelo Calazans)
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