Cidades

Mais que doadores de sangue, eles são salvadores de vidas

Aline dos Santos | 14/06/2014 11:10
Deberton é doador há cinco anos e garantiu gesto de solidariedade na última quinta-feira, dia a estreia do Brasil na Copa. (Foto: Marcos Ermínio)
Deberton é doador há cinco anos e garantiu gesto de solidariedade na última quinta-feira, dia a estreia do Brasil na Copa. (Foto: Marcos Ermínio)

Há 9 anos, a vontade venceu o medo e Valéria Alegre Pinheiro, 30 anos, fez a primeira doação de sangue. Desde então, repete o gesto de quatro em quatro meses. “Tinha medo por causa da agulha. Fui com fé e coragem. Depois, não parei mais”, conta. Funcionária de call center, ela aproveitou a quinta-feira, dia da estreia do Brasil na Copa, para fazer mais uma doação no hemocentro da Santa Casa de Campo Grande.

E gesto de desprendimento e solidariedade precisa, mais do que nunca ser repetido. Neste sábado, Dia Mundial do Doador de Sangue, o panorama em Mato Grosso do Sul preocupa. Desde o fechamento do Hemosul para a reforma, iniciada em 17 de março, houve redução de mil a 1.500 bolsas por mês. A unidade respondia por metade das seis mil bolsas de sangue coletada mensalmente pela Hemorrede.

Segundo a enfermeira Eliana Gonçalves Gomes, do banco de sangue da Santa Casa, as doações caíram por uma soma de motivos. “O tempo frio, férias, Copa do Mundo, imunização contra a gripe”, explica. Por outro lado, as festas potencializam os acidentes, exigindo estoque para atender os pacientes. Ela conta que cirurgias chegam a ser canceladas por falta de sangue. “Precisa de 150 coletas por dia,mas são feitas 80,90”, diz.

Nesse quadro, crescem as campanhas e o chamado aos doadores cadastrados. Também pesa na balança o tipo sanguíneo. O estoque estratégico de O negativo é composto por 22 bolsas, mas basta internar três pacientes com essa tipagem, por exemplo, para que a reserva logo se esgote.

Tipo mais comum, o O positivo tem 200 bolsas em estoque. Em seguida, vem o A positivo, cuja reserva estratégica é entre 90 e 100 bolsas de sangue. O mais raro em estoque é o AB negativo, com uma bolsa.

Júlio César aprendeu valor da doação com o pai. (Foto: Marcos Ermínio)

De acordo com a assessoria de imprensa do Hemosul, cada bolsa de sangue coletada é fracionada em hemácias, plaquetas e plasma. Utilizadas em casos como hemorragia e leucemia, as plaquetas “duram” cinco dias. A validade das hemácias é de 35 dias, enquanto o plasma é armazenado por um ano.

Lição de casa – Doar sangue é programa de família para Júlio César Costa dos Santos, 29 anos. “Meu avô precisava de doação e meu pai começou a doar”, conta. O gesto contagiou os filhos. “Eu e duas irmãs somos doadores”, conta o jovem.
A experiência na rede de saúde despertou o funcionário público Deberton Maximo, 33 anos, sobre a necessidade de colaborar. “Comecei pela vontade de ajudar mesmo”, diz. Doador há cinco anos, ele afirma que o tempo de doação efetiva dura dez minutos.

Contribuir com 450 ml de sangue a cada doação também faz parte da rotina de Roni Augusto Covre, 30 anos, trabalhador na construção civil. “Venho porque é bom. Bom para quem faz e para o outro. Na família, todo mundo é doador”, diz.

Sobre o medo, que afasta muito dos potenciais doadores, a enfermeira Eliana Gonçalves Gomes explica que o maior temor é a agulha. “Mas é uma agulha específica para a doação, com kit esterilizado”. Para garantir um procedimento tranquilo é importante ter dormido bem e estar bem alimentado e hidratado. A orientação é que o doador informe qualquer desconforto. A pressão é aferida e, caso haja hipotensão, é administrado soro.

Quem doa sangue ganha exames como tipagem sanguínea, Doença de Chagas, sífilis, hepatites e HIV. O intervalo entre as doações é de dois meses para homens e três meses para mulheres.

 

Valéria tinha medo, mas vontade de ajudar a tornou doadora há 9 anos. (Foto: Marcos Ermínio)

Regras – O doador deve pesa mais de 55 quilos, ter entre 16 e 67 anos (menores de idade precisam de autorização do responsável), não estar gripado e levar documento com foto.

Não pode doar sangue quem teve hepatite após os 11 anos de idade ou teve Doença de Chagas; homens e mulheres com múltiplos parceiros sexuais e que têm relações sem uso de preservativo; pessoas que compartilham seringas ou que fazem uso de drogas injetáveis, além de portadores do HIV.

Onde doar - Os bancos de sangue do HR (Hospital Regional) Rosa Pedrossian e da Santa Casa de Campo Grande terão mudanças no horário de funcionamento a partir de segunda-feira, 16 de junho. No HR, o atendimento será somente pela manhã, das 7h às 12h. O serviço funcionará de segunda a sexta-feira.

Na Santa Casa, a mudança é no sábado, que atenderá das 7h às 12h. O banco de sangue fica localizado na rua Eduardo Santos Pereira, esquina com a 13 de Maio. De segunda a sexta-feira, o horário de atendimento vai das 7h às 17h. Com a reforma do Hemosul, as doações de sangue também podem ser feitas no HU (Hospital Universitário). No local, o atendimento vai das 7h às 12h, de segunda a sexta-feira.

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