Cidades

Juiz inocenta acusados e arquiva Caso Motel, após 3 anos

Redação | 01/09/2008 22:47

Após três anos de investigações, o juiz Julio Roberto Siqueira resolveu inocentar Irio Vilmar Rodrigues, Ronaldo Vilas Boas Ferreira e os policiais Getúlio Morelli dos Santos e Adriano de Araújo Mello, de envolvimento nos assassinatos dos jovens Murilo Alcalde e Eliane Ortiz. Os dois foram encontrados mortos em um quarto de motel, em Campo Grande, em 21 de junho de 2005.

Na sentença, proferida nesta segunda-feira, o juiz também determina instauração de processo por falso testemunho e favorecimento pessoal contra Lusérgio Barreira Abreu, que se apresentou como testemunha.

Lusérgio foi decisivo no processo por ter identificado os quatro acusados como os responsáveis pelas mortes. Após o crime, ele se apresentou à Promotoria contando detalhes das execuções que teriam sido relatados por Ronaldo Vilas Boas amigo de Lusérgio e apontado como pistoleiro que atirou contra os dois.

Como justificativa para a absolvição sumária dos réus, o juiz alegou falhas durante o processo, considerou não haver provas contra os acusados e observou esperar que uma nova linha de investigações surja para que os verdadeiros culpados sejam punidos.

Na interpretação dele, a linha mais correta a ser tomada, deveria ser de crime passional, e não esquema envolvendo o tráfico de drogas. "Sempre discordei da linha de raciocínio", comenta o magistrado.

Julio Siqueira também menciona a "falta de empenho" dos delegados durante o inquérito, que teria prejudicado a elucidação do caso.

Sobre as provas contra os dois policias o juiz alega, em relação a Adriano, que  "não teve contra si a possibilidade de que fossem considerados indícios a ponto de encaminha-lo para o Colegiado do Júri e lá, o mesmo sofrer punição erguida sob um solo perigoso e infértil que é o chão da incerteza e da prova duvidosa."

Sobre Getúlio a sentença detalha: "O último dos acusados teve uma gota de seu sangue pingada na entrada do quarto do motel depois de muitas horas da descoberta dos corpos, diga-se de passagem no local em que, apesar de terem sido encontradas as vítimas, não foi feita a devida e necessária preservação de local. Contudo, Getúlio apresentou versão verossímel de que havia ferido os dedos no walk-talk de sua viatura, fato esse devidamente comprovado através de depoimentos testemunhais e que esse sangue, mesmo fazendo parte de um exame de DNA não confiável e que não concluiu por coisa alguma, me levam ao ponto de não me convencer de qualquer participação desse acusado nos atos do crime."

Já em relação a Ronaldo e Irio, o juiz relata: "Írio, que teria sido delatado por Ronaldo, uma vez comprovada a não participação deste no crime, não poderá ter outro destino a decisão sobre o delatado senão a de sua impronúncia, igualmente."

Falhas - Ao longo dos anos, o juiz, por diversas vezes, questionou o trabalho dos promotores responsáveis pela denúncia. Ele chegou a negar prazo para que fossem feitas novas diligências, no final de 2007, já anunciando que o Caso Motel corria o risco de se transformar em apenas mais um crime insolúvel

O caso foi cercado de erros também da justiça, que protelaram a sentença. Em fevereiro deste ano foi descoberto uma falha importante, o esquecimento de uma das audiências para ouvir as testemunhas da defesa, o que só ocorreu em maio.

Pela versão para o crime apresentada pelo MPE, as mortes tinham relação com o tráfico de drogas. Murilo teria sido confundido com um informante da polícia e Eliane Ortiz, primeiro contratada como isca para pegar o jovem, depois teria sido morta porque ameaçou denunciar o caso.

Já os acusados sempre negaram envolvimento e acusaram Lusérgio de ser testemunha

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