Interior

Um ano após morte de policial, situação em delegacia continua precária

Luana Rodrigues | 24/11/2016 17:25
Quando foi morto, Anderson Garcia da Costa de 37 anos, estava prestes completar um ano de carreira na Polícia Civil (Foto: Arquivo Pessoal)
Quando foi morto, Anderson Garcia da Costa de 37 anos, estava prestes completar um ano de carreira na Polícia Civil (Foto: Arquivo Pessoal)

Equipamentos enferrujados, instalações elétricas inadequadas e ferramentas insuficientes. De armas antigas a falta de coletes a prova de balas, policiais convivem com a estrutura deficitária de trabalho e amargam a morte de colegas. Um ano após o policial Anderson Garcia da Costa, 37 anos, morrer ao apanhar até a morte de um preso com problemas psiquiátricos, a situação na delegacia de Pedro Gomes – distante 309 quilômetros de Campo Grande, continua precária. A denúncia é do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul), que reclama das más condições de trabalho em todas as delegacias do Estado. 

Segundo o presidente do Sinpol, muitos direitos da categoria não estão sendo cumpridos. “Há vários anos o sindicato luta contra essa situação, denunciando as más condições de trabalho a que os policiais civis são submetidos todos os dias ao exercerem suas funções. É uma luta pelos direitos e interesses da sociedade em geral porque todos nós queremos uma segurança pública de qualidade, queremos justiça, queremos paz”, comenta Giancarlo Miranda, presidente do Sinpol/MS.

O presidente do sindicato que representa os policiais também reclamam que há desvio de funções, ausência de materiais e de condições de trabalho."Corremos um risco diário por não termos o básico para trabalhar. Há delegacias em que faltam até banheiros aos policiais, isto é inaceitável", diz.

Ainda segundo o Sinpol, no ano passado, na época em que Anderson foi morto, o governo do Estado prometeu apresentar um cronograma para a retirada e transferência dos presos das delegacias, mas, até hoje, um ano após o trágico episódio, nada mudou. “Todas as delegacias da Polícia Civil continuam lotadas, sem a estrutura necessária para a custódia de presos, que hoje são obrigados a ficarem em ambientes insalubres, dividos com os policiais”, afirma o presidente.

O Campo Grande News entrou em contato com o secretário de Justiça e Segurança Pública do Estado, José Carlos Barbosa, para esclarecer os fatos, mas as ligações não foram atendidas.

Agressões - Segundo informações do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul), Anderson estava retirando um preso da cela na delegacia, quando foi agredido na cabeça e no abdômen. O agressor apresentava distúrbios psicológicos.

Os golpes só pararam depois que o investigador atirou na perna do preso, que foi levado para atendimento médico na própria cidade.

O policial teve afundamento de crânio, foi encaminhado para o hospital em Coxim, porém, devido a gravidade dos ferimentos, estava sendo encaminhado para a Santa Casa, mas morreu dentro da ambulância.

Promissor - Natural de Cuiabá, no Mato Grosso, Anderson estava prestes completar um ano de carreira na Polícia Civil, quando foi morto. O investigador tinhavindo morar em Pedro Gomes em dezembro de 2014, para desenvolver a função para a qual prestou concurso.

Casado há cinco anos, ele morava sozinho em Pedro Gomes, mas viajava com frequência para o estado vizinho para visitar a esposa, que atualmente morava em Rondonópolis. Eles não tinham filhos.

"Era uma excelente pessoa, um excelente profissional, comunicativo e estava 24 horas alegre. Todos nós sentimos muito", contou na época, o investigador Maurício Apolinário, colega de trabalho de Anderson.

No dia do crime, na delegacia de Pedro Gomes, trabalhavam três policiais, um por plantão, para atender ao público e as ocorrências que surgirem e cuidar de cinco presos em uma cela - já que as outras três existentes na delegacia estão interditadas.

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