Tratorista afirma que perdeu visão após passar por atendimento em hospital
O tratorista José Chaves de Oliveira, 42 anos, procurou a Polícia Civil para registrar boletim de ocorrência por lesão corporal culposa contra um médico. Ele afirma que perdeu a visão do olho direito após atendimento no Hospital Soriano, de Maracaju, distante 160 quilômetros de Campo Grande.
José contou que no dia 10 de julho do ano passado, procurou a unidade porque estava com suspeita de conjuntivite. Lá, ele foi atendido por um enfermeiro e um médico. Nesse dia, segundo o paciente, o médico aplicou um remédio no local e passou cotonete para fazer a limpeza. Depois do procedimento, foi colocado um curativo e ele foi para a casa.
Por volta da meia-noite, o paciente começou a sentir muita dor e retornou no dia seguinte ao hospital. Ele conta que não estava aguentando mais de dor e foi atendido por outro médico. “Quando ele retirou o tampão do meu olho, eu não conseguia enxergar nada”, lembra o tratorista.
O médico, então, disse que iria apenas passar remédio para dor e não mexeria na lesão, porque o ferimento estava muito "feio". O profissional ligou para um oftalmologista e explicou o que estava acontecendo com o paciente, mas o especialista não estava na cidade e chegaria no sábado, porém cobraria a consulta no valor de R$ 250.
José alega que não tinha dinheiro e depois de 5 dias procurou a Santa Casa em Campo Grande, onde ficou internado durante trinta dias. Nesse período, ele recebeu medicamentos para dor e colírio e foi informado que passaria por uma cirurgia de recobrimento do ferimento, pois estava com uma lesão grave no olho.
Em outubro, José retornou para fazer a cirurgia e ficou internado por mais oito dias. Em março deste ano, o paciente fez um transplante de córneas. Além do descaso e do transtorno que sofreu, o tratorista relata que tem gastado cerca de R$ 500 por mês com colírio e medicamentos. José conta ainda que passou a usar óculos escuros em casa, porque o filho tinha medo de olhar para ele. O caso foi registrado na Delegacia de Polícia Civil do município.
O diretor do Hospital Soriano, Jairo da Silva Antônio, disse que conhece a história do paciente e que ele passou por vários médicos na unidade. Jairo afirma ainda, que todos os procedimentos estão registrados em prontuários e assim que for acionado pela justiça vai apresentar os procedimentos que foram realizados no paciente. Os nomes dos profissionais que atenderam José não foram divulgados no boletim de ocorrência.