Interior

Sem estrada, assentados estão isolados e sem retirar produção

MST acusa poder público de descaso em assentamento localizado no distrito Nova Itamarati, em Ponta Porã

Helio de Freitas, de Dourados | 25/01/2016 11:34
Produtor de assentamento em Ponta Porã mostra sítio embaixo de água (Foto: Divulgação)
Produtor de assentamento em Ponta Porã mostra sítio embaixo de água (Foto: Divulgação)

As chuvas intensas que atingiram Mato Grosso do Sul de novembro até a primeira quinzena de janeiro provocou estragos também nos assentamentos rurais. Segundo o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), na maioria dos assentamentos ficou impossível transitar pelas estradas e muitas famílias estão ilhadas, perderam plantações e não conseguem retirar o que conseguiram colher da produção.

É o que acontece no Assentamento Conquista na Fronteira, no distrito de Nova Itamarati, município de Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande. A área faz parte da antiga Fazenda Itamarati, desapropriada em 2002 para reforma agrária.

Conforme a assessoria do MST, as famílias tem tirado dinheiro do próprio bolso para manter as estradas e garantir o escoamento da produção. Sebastião Simão, um dos assentados, afirma que a situação é tão crítica que eles se reuniram para arrecadar R$ 5 mil reais para patrolar e nivelar as estradas.

“Estamos em emergência e se não tirarmos dinheiro do próprio bolso não vamos conseguir sair com a nossa produção do assentamento, o pouco que sobrou depois de tanta chuva. Ainda tem o leite que é a sobrevivência de uma grande maioria que está se perdendo todos os dias, por isso nos unimos e estamos fazendo o papel que deveria ser feito pelo poder público, mas é a nossa única saída”, afirma Simão.

Rosangela Vieira de Souza, assentada e agente de saúde, disse que o momento é de muita tensão, pois além de perdas financeiras, tem as consequências do período de chuvas. “Como agente de saúde e mãe, temo muito principalmente pelas crianças, porque com essa chuvarada e a umidade toda vêm as bactérias, os fungos e nada das autoridades tomarem uma providência”.

Embaixo de água - Moisés Escobar Osório, assentado há 15 anos no local, teve de deixar tudo para trás e levar a mulher e os filhos para a casa de parentes. “Dá dor no peito ver tudo o que construímos acabado, até as árvores nativas que plantamos quando entramos na terra morreram. Sozinhos, não vamos dar conta de nos reerguemos, precisamos com urgência de ajuda política para poder nos recupera. Minha esperança vem com o sol dos últimos dias e com as notícias dos esforços que o movimento tem feito”.

Através da assessoria, o MST informou que faz articulações com prefeituras, governo do Estado, Incra e o Ministério do Desenvolvimento Agrário, para garantir recursos que possam ser investidos na infraestrutura dos assentamentos, principalmente estradas para o escoamento da produção.

Uma reunião está agendada para o início de fevereiro em Brasília, com a participação de órgãos públicos e agentes políticos, como Incra, MDA, governo do Estado, Exército, Integração Nacional, prefeitos, deputados, para debater a situação dos assentamentos.

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