Interior

Secretária acredita em conspiração para tentar incriminar prefeito de Alcinópolis

João Humberto | 13/12/2010 22:25
 Secretária acredita em conspiração para tentar incriminar prefeito de Alcinópolis

Para a secretária de Assistência Social de Alcinópolis, Vera Lúcia Bíscaro Piva, o prefeito de Alcinópolis, Manoel Nunes da Cunha (PR), pode estar sendo vítima de uma conspiração que tenta o incriminá-lo pelo assassinato do presidente da Câmara, vereador Carlos Antônio Costa Carneiro (PDT), ocorrido no dia 26 de outubro em Campo Grande.

Em entrevista ao portal Edição de Notícias, a secretária disse que existem muitas perguntas sem respostas sobre, por exemplo, como a requisição de passagem doada pela prefeitura a Ireneu Maciel, acusado de matar Carlos Antônio, chegou ao conhecimento de integrantes da família do vereador.

A requisição, segundo a secretária, foi doada pela assistente social Lidiane Minuci da Silva, no dia 1º de outubro. Conforme Vera Lúcia, Ireneu procurou o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e solicitou uma passagem para Coxim.

“Como ele se encaixou nos requisitos a assistente social fez a doação”, completou a secretária, em informação feita ao site Edição de Notícias. No entanto, a descoberta de que o pistoleiro tinha sido beneficiado com uma passagem doada pela prefeitura só veio à tona em novembro, alguns dias após o crime.

Ainda de acordo com Vera Lúcia, uma mulher identificada como Sirlene, esposa de Altamiro França Guimarães, que é funcionário da Câmara de Vereadores, teria ligado à família Carneiro e comentado sobre a doação da passagem com Priscila Alves, que trabalhou no comitê eleitoral dos candidatos apoiados pelo prefeito Manoel Nunes.

Sirlene procurou Priscila para pedir que ela fosse a polícia dizer que viu Ireneu em Alcinópolis e que ele esteve presente nos eventos políticos organizados pelo prefeito aos candidatos que tinham seu apoio, segundo relato da secretária. A conversa entre Sirlene e a funcionária do comitê foi feita a pedido de Hélder Carneiro, irmão do presidente da Câmara.

Vera Lúcia frisa que Priscila disse a Sirlene que não tinha visto Ireneu em Alcinópolis, portanto, não poderia fazer qualquer tipo de afirmação nesse sentido. Durante a conversa, Sirlene questionou Priscila sobre a doação de uma requisição de passagem que a prefeitura fez Ireneu.

Após a conversa, Priscila telefonou para o prefeito e contou sobre o comentário de Sirlene, segundo informações feitas pela secretária. Ela também afirma que o prefeito pediu que fosse averiguado imediatamente se Ireneu tinha sido beneficiado com a doação de uma passagem. A secretária constatou a doação, confirmou ao prefeito e, posteriormente, relatou à polícia.

Poucos dias após prestar depoimento, Vera Lúcia disse que o dono do bar que funciona como rodoviária, conhecido por “Macarrão”, foi até sua residência dizendo que queria conversar com o prefeito, que estava viajando e por isso aceitou falar com o marido da secretária, Antônio Carlos Piva Capelli, chefe de gabinete da prefeitura.

Macarrão disse ao casal que alguns dias antes da eleição recebeu um pedido do ex-vereador Alcir Gonçalves, para que comprasse uma requisição que seria oferecida por um homem com as características de Ireneu Maciel. Ele questionou o motivo da compra e o vereador comentou que o vice-prefeito, Alcino Carneiro (PDT), pai de Carlos Antônio, queria provar que o prefeito estava comprando votos, com doações de passagens, para os candidatos que apoiava.

“Precisa ser esclarecido o verdadeiro motivo pelo qual uma pessoa ligada a família da vítima articulou para ficar com a requisição. Se o objetivo era para denunciar o prefeito por compra de voto porque não denunciaram. Como que o prefeito iria comprar voto de um cidadão mandando ele de Alcinópolis para Coxim”, questiona a secretária.

A secretária disse ter relatado o fato quando foi ouvida pela delegada da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Campo Grande, Rozeman Geise Rodrigues de Paula, no mês passado. Por conta disso, ela afirma que o documento a ser apresentado amanhã pelo advogado Ricardo Trad, durante audiência para interrogatório das testemunhas de acusação contra os três homens presos pelo crime – Ireneu, Aparecido Souza Fernandes, 34 anos, e Valdemir Vansan, 37 anos – não será novidade para a polícia.

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