Interior

Quadrilha "vendeu" 200 lotes da reforma agrária em Corumbá e Ladário

Aline dos Santos | 23/05/2012 17:20

As irregularidades foram encontradas nos assentamentos Tamarineiro 2, Paiolzinho, Setenta e Dois e São Gabriel

Conforme a PF, lotes eram arrendados por até R$ 20 mil.
Conforme a PF, lotes eram arrendados por até R$ 20 mil.

A operação Gaia, realizada ontem pela PF (Polícia Federal), revelou que 200 lotes em quatro assentamentos de Corumbá e Ladário teriam sido transferidos ilegalmente pelos assentados a terceiros com a conivência do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. O levantamento, ainda preliminar, aponta irregularidades nos assentamentos Tamarineiro 2, Paiolzinho, Setenta e Dois e São Gabriel.

De acordo com o Capital do Pantanal, as investigações apontaram várias irregularidades na cessão dos lotes para fazendeiros, que pagavam entre R$ 3 mil a R$ 20 mil por mês. Outra fraude era a comercialização dos imóveis do programa de reforma agrária, com servidores do Incra e o sindicato formalizando a regularização das transações, muitas vezes, mediante recebimento de propina.

Foi preso um funcionário do sindicato. Conforme o delegado da PF, Alexandre do Nascimento, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Corumbá, Divina Rosa da Cruz, a Rosinha do Sindicato, teve sua prisão decretada, porém não foi localizada.

A PF cumpriu 16 conduções coercitivas e indiciamento de outros envolvidos no esquema, incluindo líderes dos assentamentos. Hoje, era esperado que mais duas pessoas prestassem depoimento.

Segundo a polícia, em contrário a regra da reforma agrária, os assentamentos de Corumbá e Ladário, têm sido ocupados por pecuaristas e comerciantes. Os verdadeiros trabalhadores rurais acabam ficando sem a terra.

A operação foi realizada em parceria com o MPF (Ministério Público Federal) e CGU (Controladoria- Geral da União). O nome Gaia é em alusão à divindade que representada a terra na mitologia grega.

São Gabriel - Pivô de uma denúncia de superfaturamento envolvendo o Incra e a família Bumlai, o assentamento foi alvo, recentemente, de denúncia de arrendamento de áreas para fazendeiros de Corumbá. A denúncia foi feita mês passado à PF e MPF.

A negociação da fazenda, que pertencia à família do pecuarista José Carlos Bumlai, foi feita em 2005. A área foi adquirida por R$ 21 milhões, mas segundo o Ministério Público Federal, valia no máximo R$ 13 milhões, R$ 7,5 milhões a menos, conforme perícia.

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