Interior

Polícia investiga morte de mulher após parto em maternidade de hospital

Família procurou polícia para denunciar morte de mulher de 30 anos após cesariana; MPF já investiga mortes ocorridas no ano passado

Helio de Freitas, de Dourados | 05/02/2016 10:34
Maternidade do Hospital Universitário de Dourados; mais uma morte ocorrida no local é denunciada à polícia (Foto: Divulgação)
Maternidade do Hospital Universitário de Dourados; mais uma morte ocorrida no local é denunciada à polícia (Foto: Divulgação)

Mais uma morte ocorrida na maternidade do HU (Hospital Universitário) de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, será investigada pela polícia. O caso foi denunciado por familiares da mulher, de 30 anos, que morreu após passar por uma cesariana na maternidade do hospital pertencente à UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).

De acordo com o boletim de ocorrência, Josimara Ramires Machado, 30, morreu na noite de quarta-feira (3). Segundo os familiares que procuraram a polícia, ela estava na 40ª semana de gestação e na terça, dia 2, procurou atendimento na maternidade.

O médico que a examinou teria constatado pouco movimento do bebê e solicitou dois exames, segundo o boletim de ocorrência. Os familiares contam que após esses exames, o médico decidiu fazer o parto induzido, com um medicamento intravaginal chamado Misoprostol, para auxiliar na dilatação.

Entretanto, o procedimento não teria surtido efeito. Na quarta-feira, outra medicação foi usada e mais uma vez não houve a dilatação necessária e Josimara foi submetida à cesariana. Segundo a denúncia, ela estava bem após a cirurgia, mas por volta de 19h30 teria apresentado vômitos e falta de ar. Ela morreu por volta de 21h30.

HU – Procurada pelo Campo Grande News, a assessoria de comunicação do HU se manifestou, em nota, sobre a morte de Josimara.

“Após consulta e exames, foi identificado que a paciente estava com pouco líquido intrauterino, sendo, portanto, induzido o parto. No entanto, a indução não apresentou resultado satisfatório e a conduta adotada foi, no dia 3 de fevereiro, a realização de cesariana”, diz o hospital.

A nota continua: “O procedimento se deu sem qualquer intercorrência e o bebê, do sexo masculino, nasceu às 15h12, pesando 2.880 gramas. A mãe, por sua vez, foi encaminhada à enfermaria obstétrica às 17h40, junto com o recém-nascido, e chegou a amamentá-lo, apresentando integridade em sua condição física”.

Na noite do mesmo dia, segundo o HU, “a paciente se sentiu mal e foi imediatamente amparada pela equipe médica, que providenciou a medicação e os procedimentos clínicos adequados para o quadro. No entanto, Josimara não resistiu a uma parada cardiorrespiratória e foi a óbito”.

O Hospital informou que a equipe médica que atendeu a paciente registrou evolução muito rápida, com quadro de hipotensão (pressão baixa) e insuficiência respiratória, necessitando do uso de ventilação mecânica. “Em casos com essa evolução, as causas mais frequentes do óbito são embolias pulmonares, hemorragias ou problemas cardíacos”.

A assessoria encerra a nota informando que a causa oficial da morte será informada em laudo de médico legista que procedeu ao exame de necropsia, a pedido da família, mediante investigação policial. O bebê encontra-se em observação no HU. O estado de saúde dele é bom, com previsão de alta para a tarde de hoje (5).

Mortes de bebês – Em outubro do ano passado, o MPF (Ministério Público Federal) instaurou inquérito civil para investigar as mortes de bebês ocorridas na maternidade do HU de Dourados. A investigação abrange mortes perinatais (óbitos fetais a partir de 154 dias de gestação) e mortes neonatais precoces (na primeira semana de vida).

Na época, informações foram solicitadas ao Conselho Municipal de Saúde e ao Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, mas até agora o MPF não se manifestou sobre as investigações.

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