Interior

Polícia abre inquérito para investigar morte de mulher um mês após o parto

Mulher de 25 anos teve bebê no hospital de Ponta Porã no dia 28 de dezembro, teve várias crises de dor e morreu no dia 30 de janeiro

Helio de Freitas, de Dourados | 10/02/2017 17:03
Francieli morreu aos 25 anos de idade (Foto: Arquivo pessoal)
Francieli morreu aos 25 anos de idade (Foto: Arquivo pessoal)

A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar a morte de Francieli Gonçalves Colmam, 25, moradora de Ponta Porã, cidade a 323 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai. Ela teve bebê no dia 28 de dezembro do ano passado, apresentou várias complicações após o parto e morreu no dia 30 de janeiro, no Hospital da Vida, em Dourados, com quadro de embolia pulmonar.

O marido dela, Otávio Franco Garcia, 23, aponta negligência médica do Hospital Regional Doutor José de Simone Neto, em Ponta Porã, para onde Francieli foi levada com fortes dores após o parto e liberada com prescrição de analgésicos.

Ao site Brasiguaio News, Otávio contou que Francieli deu entrada às 16h do dia 27 de dezembro na maternidade do Hospital Regional e ficou aguardando atendimento até 23h, quando foi internada até a dilatação necessária para o parto, ocorrido às 8h do dia seguinte.

Gritava de dor – Otávio diz que após o parto a mulher retornou às 9h30 para o leito “aparentemente bem”, se movimentando e amamentando o bebê, segundo filho do casal. Às 17h do dia seguinte, Francieli contou ao marido que sentia fortes dores nas costas. A dor teria aumentado tanto que ela chegava a gritar.

Segundo ele, uma enfermeira de plantão receitou medicamento para gases e disse ser “normal” se sentir mal após a cesariana. No dia seguinte, outra enfermeira teria dito que Francieli estava com depressão pós-parto.

A paciente passou por exame de raio-X do pulmão e o médico de plantão teria dito ao marido dela que que estava “tudo normal” e descartou transferência para Dourados. No dia 31 de dezembro Francieli recebeu alta, mesmo reclamando de fortes dores. O médico receitou dipirona à paciente.

Dores continuavam - Segundo Otávio, em casa Francieli continuou reclamando de dores abdominais, que sempre aumentavam à noite. No dia 16 de janeiro, a mulher desmaiou e foi levada ao Hospital Regional de Ponta Porã e liberada 15 minutos depois, com uma receita de Torsilax e Paracetamol.

Entretanto, conforme o rapaz, as dores continuaram nos dias seguintes e a paciente foi levada de novo ao Hospital Regional, onde fez inalações e tomou remédio na veia. No hospital, segundo Otávio, Francieli teve uma forte crise de falta de ar e aceleração cardíaca e foi levada para a ala vermelha.

Ela foi submetida a uma drenagem no pulmão e colocada em coma induzido e o hospital de Ponta Porã pediu transferência para o Hospital da Vida. Em menos de 24 horas ela foi encaminhada para Dourados.

Embolia pulmonar – Otávio contou que no hospital de Dourados os chamaram os familiares e disseram que francieli apresentava sintomas de tromboembolia pulmonar. Ela foi medicada, passou por sessão de hemodiálises e sofreu uma hemorragia. Francieli morreu por volta de 4h30 da madrugada de 30 de janeiro deste ano.

O inquérito que apura a morte é conduzido pelo delegado Patrick Linares, que vai analisar os prontuários e ouvir os depoimentos das pessoas envolvidas. Ao Campo Grande News, ele informou que vai começar os depoimentos ouvindo o médico e os parentes da vítima.

Sobre a possibilidade de exumação, o delegado disse que só vai pedir em último caso. “Os documentos pertinentes foram enviados à perícia para efeito de exame necroscópico indireto com base nos prontuários”, afirmou.

A assessoria de imprensa do CRM (Conselho Regional de Medicina) informou não ter conhecimento se o caso já chegou oficialmente ao conhecimento do órgão.

Hospital Regional – A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Hospital Regional de Ponta Porã, que pediu para enviar as perguntas por e-mail. Depois informou que o hospital ainda busca informações sobre a paciente e ainda não tem uma posição sobre o caso.

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